CERN e Hospital Universitário de Lausanne unem-se para tratar cancro de forma pioneira

Espera-se que com o futuro equipamento uma grande quantidade de radiação seja administrada em menos de um segundo numa série de sessões de radioterapia.

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Protótipo do acelerador CLIC, cuja tecnologia servirá de inspiração para o novo equipamento FLASH Julien Marius Ordan/Samuel Joseph Hertzog

O Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN) e o Hospital Universitário de Lausanne, na Suíça, estão a colaborar no desenvolvimento do conceito de equipamento de radioterapia inovadora para o tratamento de cancro, anunciou esta terça-feira em comunicado o CERN. Esse equipamento irá aproveitar a tecnologia do CERN numa técnica chamada FLASH, em que se quer produzir electrões de alta energia para tratar tumores. A primeira fase do estudo deste projecto é concluída este mês.

O grande objectivo do CERN e do Hospital Universitário de Lausanne é passar o conceito da FLASH para a construção do equipamento. Também se pretende que seja suficientemente compacto para ser instalado em hospitais.

Como funcionará a FLASH? De acordo com o comunicado, uma grande quantidade de radiação é administrada em menos de um segundo numa série de sessões de radioterapia. Dessa forma, o tecido tumoral deteriora-se da mesma forma de uma radioterapia convencional, mas os tecidos saudáveis podem ser menos afectados, havendo menos danos colaterais.

No caminho para o desenvolvimento da FLASH já houve resultados para o conceito: em 2018, no Hospital Universitário de Lausanne usou-se a técnica com sucesso num doente com um cancro de pele. “Esta primeira utilização em humanos acelerou a transladação clínica da terapia FLASH”, assinala Jean Bourhis, responsável pelo serviço radio-oncológico do Hospital Universitário de Lausanne.

O grande desafio apontado para o desenvolvimento da FLASH é conseguir obter electrões de elevadas energias em aceleradores mais compactos. A solução parece vir de um dispositivo inspirado na tecnologia de um acelerador há algum tempo proposto, o CLIC (Colisor Linear Compacto) do CERN. Espera-se que o dispositivo acelere electrões para que se possam tratar tumores com até entre 15 e 20 centímetros de profundidade.

“Esta colaboração entre o CERN e o Hospital Universitário de Lausanne demonstra, outra vez, como as tecnologias do CERN, equipamentos únicos e conhecimento podem beneficiar a sociedade para além da nossa investigação fundamental”, destaca Frédérick Bordry, director dos aceleradores e tecnologia do CERN.

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