Papa pede acolhimento digno e para refugiados do campo na ilha grega de Lesbos

Francisco exortou os responsáveis políticos “a ouvir a voz dos seus cidadãos e as suas justas aspirações, respeitando sempre os direitos humanos e as liberdades civis”.

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O Papa, neste domingo LUSA/CLAUDIO PERI
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Refugiados fazem fila para entrar no novo campo em Kara Tepe, em Lesbos LUSA/ORESTIS PANAGIOTOU

O Papa Francisco manifestou a sua solidariedade aos cerca de 13.000 refugiados do campo destruído pelo fogo em Moria, na ilha de Lesbos, na Grécia, e pediu um acolhimento digno e humano para estas pessoas.

“Nos últimos dias, vários incêndios destruíram o campo de Moria na ilha de Lesbos, deixando milhares de pessoas, refugiadas, sem um abrigo”, disse Francisco, após a oração do Angelus, na janela do palácio papal, no Vaticano.

A seguir, recordou a sua visita ao campo de refugiados de Lesbos em 2016, na companhia do patriarca ortodoxo Bartolomeu, e durante a qual pediu “um acolhimento digno e humano aos refugiados e aos que procuram asilo na Europa”. Nessa altura, levou 12 refugiados que estavam em Lesbos para o Vaticano no avião de regresso a Itália, seis dos quais menores.

“Expresso a minha solidariedade e proximidade a todas as pessoas [vítimas] neste incêndio dramático”, acrescentou. O Papa também se referiu às manifestações de protesto que estão a ocorrer em várias partes do mundo e pediu aos manifestantes “que o façam de forma pacífica e sem ceder à agressividade e à violência”.

Aos políticos com responsabilidade nesta matéria, Francisco exortou-os “a ouvir a voz dos seus cidadãos e as suas justas aspirações, respeitando sempre os direitos humanos e as liberdades civis”.

As autoridades gregas recusam permitir a transferência dos migrantes que aguardam em Lesbos o lento processo dos seus pedidos de asilo num país europeu e estão a construir um campo de tendas para abrigar as milhares de pessoas que têm dormido ao relento, desde que o fogo consumiu, na quarta-feira, o que devia ter sido um campo transitório em Moria do sistema europeu de asilo, e se tornou um local onde as pessoas passam um tempo infinito.

Mas nem os candidatos a asilo num país da União Europeia lá querem ficar, nem os habitantes de Lesbos o querem lá, e tem havido manifestações e confrontos com a polícia.

“Ninguém quer ir para o novo campo, queremos ir para outro país. Ninguém quer ficar aqui, estamos numa prisão,”, disse Sajida Nazari, uma estudante afegã, de 23 anos, que está há um ano em Lesbos. Uma década de crise na Grécia tornou a vida difícil e envenenou os espíritos contra os migrantes, que se sentem ameaçados em Lesbos pelos habitantes locais quando tentam sair daquele local, explicou Nazari à Reuters.

Até agora, só houve oferta para enviar para outros países europeus 400 crianças que estão em Lesbos sem família que os acompanhe - e mesmo assim, esta oferta não é nova, já tinha sido feita anteriormente, só agora alguns países se estão a mobilizar para a tentar concretizar, após o incêndio.

As 13 mil pessoas que foram deixadas sem abrigo têm tido um acesso muito irregular a alimentos e até a água, sendo que no início de Setembro tinham sido detectados os primeiros casos de covid-19 no campo - e agora ninguém sabe onde estão as pessoas doentes.

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