Licenciados em Medicina preocupados com condições para exame da escolha da especialidade

Prova Nacional de Acesso realiza-se a 30 de Novembro. Futuros médicos estão preocupados com as condições de realização da prova e com o regime a aplicar aos casos suspeitos ou diagnosticados com covid-19. Se situação epidémica se agravar, há a possibilidade de o exame poder ser adiado.

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No ano passado o edifício da Alfandega do Porto foi um dos locais onde se realizou a Prova Nacional de Acesso Adriano Miranda

Os estudantes de Medicina que se formaram este ano e vão em breve fazer a prova nacional de acesso, que servirá posteriormente para ordenar as escolha da especialidade médica que irão fazer no futuro, estão preocupados com a definição das condições para a realização do exame por causa da covid. Numa carta aberta, enviada ao Ministério da Saúde, Direcção-Geral da Saúde, Administração Central do Sistema de Saúde e ao Gabinete para a Prova Nacional de Acesso, dizem estar preocupados com as regras sanitárias a aplicar e as condições de realização da prova e com o regime a aplicar aos casos suspeitos ou diagnosticados com covid-19.

A Prova Nacional de Acesso (PNA) será no final de Novembro. É com o objectivo de aproveitar esta janela até à data do exame, para resolver eventuais problemas que possam surgir, que os formados em medicina lançaram este alerta. “Quisemos levantar estas preocupações para não ser tarde demais. Quisemos alertar para que se tenha atenção às condições e que sejamos informados a tempo sobre as mesmas”, diz Manuel Maia, que assina a carta aberta.

No documento, os representantes dos recém-licenciados das várias escolas médicas salientam que “o contexto de pandemia covid-19 traz exigências acrescidas que importa satisfazer para assegurar plenamente a igualdade, a equidade e a justiça na realização da PNA 2020”.

“No ano passado a prova realizou-se em apenas três locais, em Lisboa, Porto e Coimbra – por exemplo, em Coimbra estiveram cerca de 600 candidatos numa só sala. É uma grande concentração de pessoas. É um exame de quatro horas com um intervalo no meio. Ainda não temos nada muito indicativo, não sabemos onde vai ser a prova, o que podemos levar, o distanciamento entre filas, se usaremos ou não máscara”, refere Manuel Maia. No total, pelo país, serão mais de 2000 os candidatos a realizar prova.

Na carta aberta expressam ainda uma outra preocupação: qual o regime a aplicar aos candidatos que na data do exame sejam casos suspeitos e positivos para covid e tenham de estar em isolamento? “Não poderá ir? Terá de esperar pelo próximo ano? Este exame definirá a nossa carreira inteira e por isso é muito importante para nós”, salienta Manuel Maia.

É isso que referem na carta aberta, na qual afirmam estar disponíveis para participar na definição das melhores condições: “Importa, com respeito absoluto pela necessidade de proteger a saúde pública, salvaguardando-se, do mesmo passo, o direito de acesso à profissão, definir um plano que não exclua da realização do exame e do acesso à especialidade os candidatos infectados ou suspeitos de infecção.”

Margem para adiar o exame, se for necessário

Embora o início da formação especializada só seja em 2022 – no próximo ano estes jovens médicos fazem um ano de formação generalizada que lhes dará autonomia para exercer a profissão e só a seguir fazem a especialização , o exame que vai ditar a ordem de escolha está marcado para o próximo dia 30 de Novembro.

O que explica a preocupação destes recém-licenciados, mas que ao mesmo tempo dá “margem de manobra” para acolher mudanças que venham a ser necessárias para responder a um eventual agravamento da situação epidémica. “Em última análise podemos adiar a prova. É um plano possível. O início da especialidade será daqui a um ano, por isso temos margem de manobra caso seja preciso”, diz o presidente do Gabinete da Prova Nacional de Acesso.

Serafim Guimarães explica que já reuniram com a Direcção-Geral da Saúde para a definição de regras genéricas e que já têm nova reunião marcada para o final do mês/início de Outubro, “para estarmos de acordo com os acontecimentos e podermos aprimorar as regras”. A prova deverá realizar-se na mesma em três locais, “mas com condições um pouco diferentes em termos de espaço”, que pode ser mais salas ou uma com mais espaço para assegurar o distanciamento necessário.

Mais difícil poderá ser a questão de possíveis infectados ou casos suspeitos que tenham de estar em isolamento. “Teremos de conseguir arranjar uma solução viável, a melhor possível. É um ponto que temos de discutir com a Direcção-Geral da Saúde”, explica Serafim Guimarães.

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