S&P mantém rating de Portugal e perspectiva estável

Decisão da agência de notação financeira deve-se ao facto de considerar que os apoios europeus vão permitir ao país suportar “um ou dois anos de choque” na economia e finanças públicas.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

A agência de notação financeira Standard & Poors (S&P) manteve esta sexta-feira o rating da dívida pública portuguesa em “BBB" (nível de investimento) e a perspectiva como “estável”. 

Na avaliação desta sexta-feira, a S&P mantém a perspectiva para Portugal por considerar que o “apoio orçamental e monetário a nível europeu” pode conseguir amenizar o impacto de “um ou dois anos de choque para a economia e finanças públicas” do país.

No entanto, a agência avisa que, se o “contexto económico global piorar significativamente para além das expectativas”, a queda das finanças públicas de Portugal deixa de ser “conciliável com o rating actual, tendo em conta outras vulnerabilidades de crédito, incluindo a elevada dívida externa líquida” do país.

A S&P refere ainda que a avaliação pode ser alterada se sectores importantes relacionados com o exterior, como é o caso do turismo, sofrerem “uma perda permanente de rentabilidade”. A agência destaca o papel “particularmente importante” deste sector, tendo em conta que corresponde a cerca de “um décimo do emprego, 8,3% do valor acrescentado bruto (VAB) e 7,0% do produto interno bruto (PIB) em exportações”. Uma relevância que “provavelmente está subestimada” uma vez que estes indicadores não incluem serviços relacionados com o turismo, como o aluguer de automóveis ou o comércio a retalho.

“O sector do turismo de Portugal, rico em emprego e exportações, é uma vulnerabilidade-chave para a economia nos próximos dois anos”, avisa a S&P.

Por outro lado, no melhor dos cenários, a agência admite que, se a economia de Portugal “recuperar nos próximos três anos, levando a uma melhoria significativa das finanças públicas”, pode aumentar o rating​.

“Em alternativa, uma melhor classificação pode resultar de melhores avaliações de instituições ou da posição externa de Portugal, incluindo as suas necessidades de financiamento externo a curto prazo”, assinala a S&P.

A agência de notação financeira estima que, devido ao impacto da covid-19, a “pequena e aberta economia aberta de Portugal" vá contrair “cerca de 10% este ano antes de recuperar 6,2% em 2021”, assumindo que “um tratamento efectivo ou uma vacina para a covid-19 fica disponível na Europa durante o próximo ano”. A S&P antecipa um défice de 8,4% do PIB em 2020, uma previsão mais pessimista do que a apontada pelo Governo, mas antecipa que o país pode “provavelmente” atingir um excedente de 3% nos próximos três anos, graças aos fundos de recuperação garantidos pela União Europeia.

Em Abril, a agência de tinha mantido o rating "BBB", mas revisto em baixa a perspectiva sobre a dívida soberana de “positiva” para “estável, justificando na altura a decisão com a opinião de que o “compromisso das autoridades portuguesas em políticas que favorecem o crescimento” e uma política de finanças públicas “prudente” irão prevalecer sobre uma recessão anual global “abrupta e sincronizada”.

O rating é uma classificação atribuída pelas agências de notação financeira que avalia o risco de crédito (capacidade de pagar a dívida) de um emissor, que pode ser um país ou uma empresa. A perspectiva “estável” indica que não deverá haver uma mudança da notação em breve.

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