Histórias do Tour: Um ciclista com opiniões fortes

Até ao final do Tour, o PÚBLICO traz histórias e curiosidades sobre os ciclistas em prova.

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Sivakovi em acção pela Ineos DR

Pavel Sivakov é um dos bons jovens valores do ciclismo internacional. “Tapado” na Ineos, está na Volta a França com a missão de ajudar Egan Bernal a vencer a corrida – ajuda que Sivakov tem tido dificuldade em dar, depois de ter caído mais do que uma vez nas primeiras etapas.

Geralmente, os ciclistas aceitam os percursos das provas, sem grandes reclamações. Analisam e, com a equipa, é decidido em que corridas participarão na temporada. Ponto.

Com Pavel Sivakov, as coisas são diferentes. Apesar de afável e simpático, o jovem russo tem dado opiniões fortes sobre o ciclismo. E tem uma ideia clara sobre o futuro da modalidade e, sobretudo, das etapas das Grandes Voltas.

“Vemos etapas estupidamente longas e planas. Se tens uma etapa longa e plana a acabar com um sprint, passas cinco horas sem nada e, depois, 20 minutos de acção. Isto é um pouco estúpido, na minha opinião”, disse Sivakov, justificando: “Acho que etapas mais curtas são inclusivamente mais agradáveis aos espectadores. Há mais acção, mais drama”. Curiosamente, foi o “drama” das primeiras etapas, recheadas de incidências, que o fez cair pelo menos três vezes neste Tour.

Com pais russos, nascido em Itália e criado em França, Pavel Sivakov é um cidadão do mundo. E entrou no ciclismo por influência dos pais, ambos ciclistas. E isso, acredita, pode prejudicá-lo.

“Acho que tenho uma desvantagem, porque entrei logo no ciclismo de estrada. Vires de outra disciplina é sempre uma vantagem. Ciclistas como eu não têm isso. Na pista, ganhas muito boa cadência e um pedalar muito suave. Na montanha e ciclocrosse ganhas muita técnica. Portanto, se desse um conselho aos mais jovens, seria experimentarem as diferentes disciplinas do ciclismo”.

Como curiosidade, Sivakov assume algo também raro. Ao contrário da maioria dos ciclistas, que reconhecem tirar prazer dos momentos em que podem fugir à dieta restrita, este corredor não aproveita como gostaria os prazeres alimentares.

“É difícil fazer dieta. Por exemplo, quando como um hambúrguer é bom no momento, mas depois arrependo-me. E ainda é pior quando te arrependes. O efeito que tem na tua cabeça é pior ainda do que não o comeres. Tens de encontrar um equilíbrio entre os momentos em que te dás prazer e quando és 100% sério na dieta”.

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