Partidos da oposição do Japão fundem-se para enfrentar o sucessor de Abe e preparar eleições
A antecipação da votação está a ser discutida depois de Shinzo Abe ter anunciado que deixa o cargo de primeiro-ministro, a 14 de Setembro.
Os dois principais partidos da oposição no Japão concluíram nesta quinta-feira a sua fusão e elegeram um único líder, dias antes da substituição do chefe de Governo e numa altura em que se discute a possibilidade de eleições antecipadas.
A fusão une o Partido Democrático Constitucional do Japão, fundado em 2017, considerado de centro-esquerda, com 92 dos 710 assentos na Dieta (parlamento japonês), e o Partido Popular Democrático, de centro-direita, criado em 2018, com 61 deputados.
Yukio Edano, de 56 anos, até agora à frente do Partido Democrático Constitucional, foi eleito líder do novo grupo político, conquistando o apoio de 107 dos 149 deputados presentes.
O novo grupo político vai chama-se Partido Democrático Constitucional do Japão.
A oposição procura desta forma desafiar o Partido Liberal Democrático (PLD), do primeiro-ministro cessante Shinzo Abe, a força política que governa o Japão desde 1954, excepto nos períodos 1993-96 e 2009-12.
Os dois partidos completaram a fusão dias antes da nomeação do novo líder do partido do primeiro-ministro, depois de Abe ter anunciado a sua demissão, em 28 de Agosto, por razões de saúde.
A corrida para suceder a Abe, de 65 anos, começou no final de Agosto, quando anunciou a intenção de deixar o cargo, após bater o recorde de longevidade de um primeiro-ministro japonês.
A situação suscitou especulações sobre a possível convocação de eleições legislativas antecipadas pelo novo dirigente do PLD, com o objectivo de obter um mandato público e silenciar qualquer contestação da oposição.
O Partido Liberal Democrático lançou na terça-feira a campanha eleitoral interna para escolher o sucessor, com Yoshihide Suga como favorito.
Suga, de 71 anos, o braço-direito de Shinzo Abe desde 2012, chefe de gabinete e ministro porta-voz do Governo japonês, já garantiu o apoio das principais facções do PLD.
O partido deverá eleger no dia 14 de Setembro o seu próximo presidente, que deverá depois assumir o cargo de primeiro-ministro.