Alterações climáticas
No Quénia, as águas sobem e dois lagos unem-se. Teme-se um “desastre ecológico”
No Quénia, as águas doces do lago Baringo servem de habitat a diversos animais — como crocodilos e hipopótamos — e de sustento a dezenas de milhares de habitantes. No entanto, o aumento do nível das águas provocado por chuvas fortes e pela destruição ecológica está a aproximá-lo do lago Bogoria, salino e alcalino.
Além do prejuízo potenciado pelas inundações, a fusão das duas águas ameaça a biodiversidade característica desta área. Residentes e investigadores estão apreensivos quanto ao futuro e temem o que poderá vir a acontecer.
Foi em 2013 que, pela primeira vez, Job Chebon, proprietário de uma pousada turística situada nas margens do lago Baringo, reparou que a água perto da propriedade aumentou drasticamente, segundo contou à Al Jazeera. Elizabeth Meyerhoff, uma antropóloga que estuda este fenómeno desde então, relata que o nível das águas tem sofrido um aumento diário de 2,5 centímetros. "Nos últimos sete anos, [o nível] subiu 9 a 12 metros", conclui.
De acordo com a Reuters, durante este período, o lago Baringo expandiu 60%, alcançando agora um valor de 270 quilómetros quadrados. Hoje, o nível das águas continua a aumentar. À agência noticiosa, o director do Serviço de Vida Selvagem do Quénia, Jackson Komen, afirmou que, “se os dois lagos se unirem, vai ser um desastre ecológico”. O intervalo que os separa é cada vez mais pequeno e já levou ao abandono de campos de cultivo e de zonas residenciais.
O cientista Tor-Gunnar Vanegen do centro de ciência e desenvolvimento World AgroForestry, sediado em Nairobi, explica que a desflorestação está a causar a erosão das colinas de Tugen. Por consequência, o solo está a descer para o lago Bogoria e a aumentar o nível das águas. De acordo com a Al Jazeera, tal obrigou ao deslocamento de 5000 pessoas em 2020.
Texto editado por Amanda Ribeiro