Alterações climáticas

No Quénia, as águas sobem e dois lagos unem-se. Teme-se um “desastre ecológico”

James Owuor, responsável pelo acampamento, mostra uma fotografia que permite comparar o antes e o depois das inundações no Lago Baringo. Baz Ratner/Reuters
Fotogaleria
James Owuor, responsável pelo acampamento, mostra uma fotografia que permite comparar o antes e o depois das inundações no Lago Baringo. Baz Ratner/Reuters

No Quénia, as águas doces do lago Baringo servem de habitat a diversos animais — como crocodilos e hipopótamos — e de sustento a dezenas de milhares de habitantes. No entanto, o aumento do nível das águas provocado por chuvas fortes e pela destruição ecológica está a aproximá-lo do lago Bogoria, salino e alcalino.

Além do prejuízo potenciado pelas inundações, a fusão das duas águas ameaça a biodiversidade característica desta área. Residentes e investigadores estão apreensivos quanto ao futuro e temem o que poderá vir a acontecer.

Foi em 2013 que, pela primeira vez, Job Chebon, proprietário de uma pousada turística situada nas margens do lago Baringo, reparou que a água perto da propriedade aumentou drasticamente, segundo contou à Al Jazeera. Elizabeth Meyerhoff, uma antropóloga que estuda este fenómeno desde então, relata que o nível das águas tem sofrido um aumento diário de 2,5 centímetros. "Nos últimos sete anos, [o nível] subiu 9 a 12 metros", conclui.

De acordo com a Reuters, durante este período, o lago Baringo expandiu 60%, alcançando agora um valor de 270 quilómetros quadrados. Hoje, o nível das águas continua a aumentar. À agência noticiosa, o director do Serviço de Vida Selvagem do Quénia, Jackson Komen, afirmou que, “se os dois lagos se unirem, vai ser um desastre ecológico”. O intervalo que os separa é cada vez mais pequeno e já levou ao abandono de campos de cultivo e de zonas residenciais. 

O cientista Tor-Gunnar Vanegen do centro de ciência e desenvolvimento World AgroForestry, sediado em Nairobi, explica que a desflorestação está a causar a erosão das colinas de Tugen. Por consequência, o solo está a descer para o lago Bogoria e a aumentar o nível das águas. De acordo com a Al Jazeera, tal obrigou ao deslocamento de 5000 pessoas em 2020

Texto editado por Amanda Ribeiro

Baz Ratner/Reuters
Fotografia aérea realça os campos inundados depois de meses de chuvas excepcionalmente fortes no lago Baringo.
Fotografia aérea realça os campos inundados depois de meses de chuvas excepcionalmente fortes no lago Baringo. Baz Ratner/Reuters
Baz Ratner/Reuters
Baz Ratner/Reuters
Corvos-marinhos sentados no topo de uma árvore submersa pelas inundação.
Corvos-marinhos sentados no topo de uma árvore submersa pelas inundação. Baz Ratner/Reuters
Fotografia mostra o antes e o depois da subida das águas.
Fotografia mostra o antes e o depois da subida das águas. Baz Ratner/Reuters
Baz Ratner/Reuters
Murray Roberts, co-fundador da RAE Charitable Trust, posa para fotografia no lago Baringo.
Murray Roberts, co-fundador da RAE Charitable Trust, posa para fotografia no lago Baringo. Baz Ratner/Reuters
Baz Ratner/Reuters
Baz Ratner/Reuters
Rapaz queniano usa um barco improvisado para pescar no lago Baringo.
Rapaz queniano usa um barco improvisado para pescar no lago Baringo. Baz Ratner/Reuters
Murray Roberts segura uma fotografia de pessoas a saltar de um penhasco antes de ficar submerso.
Murray Roberts segura uma fotografia de pessoas a saltar de um penhasco antes de ficar submerso. Baz Ratner/Reuters
Baz Ratner/Reuters
Fotografia aérea mostra uma casa submersa pelas inundações.
Fotografia aérea mostra uma casa submersa pelas inundações. Baz Ratner/Reuters
Baz Ratner/Reuters
Baz Ratner/Reuters
Parsaalach Nachaki, agricultor e residente, posa no local onde outrora vivia e cultivava.
Parsaalach Nachaki, agricultor e residente, posa no local onde outrora vivia e cultivava. Baz Ratner/Reuters
Reuters
Reuters