Confinamento leva transportes de passageiros para quebras históricas no segundo trimestre

Transporte de passageiros por comboio foi o único que teve um aumento face ao primeiro trimestre do ano. Ainda assim, face ao segundo trimestre de 2019, houve uma redução de 70,5%.

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Transporte aéreo teve as maiores quebras no movimento de passageiros e mercadorias Margarida Basto

Os transportes de passageiros e de mercadorias tiveram quebras generalizadas nos seus movimentos no segundo trimestre de 2020, devido à pandemia de covid-19, divulgou nesta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). Foi no transporte aéreo que as quebras foram maiores, com menos 97,4% de movimento nos aeroportos nacionais e menos 57,4% no transporte de mercadorias, em relação ao período homólogo.

O transporte aéreo tem sido bastante afectado pelas medidas restritivas de combate à pandemia. O espaço aéreo português — e europeu — esteve reduzido, no segundo trimestre deste ano, até final de Junho, a voos essenciais (como voos de transporte de carga ou de repatriamento). Assim, entre Abril e Junho, os aeroportos nacionais movimentaram 434 mil passageiros, um decréscimo de 97,4% face ao mesmo período do ano anterior.

O aeroporto de Lisboa movimentou 243,9 mil passageiros (mais de metade do movimento total), enquanto o aeroporto do Porto correspondeu a 20,1% (87,4 mil passageiros) do total nacional. Em Faro foram movimentados 36,6 mil passageiros, enquanto nos aeroportos do Funchal e de Ponta Delgada o número de passageiros ficou-se pelos 10.044 e 21.964, respectivamente.

De acordo com o INE, no segundo trimestre efectuaram-se 5,8 mil aterragens de aeronaves em voos comerciais nos aeroportos nacionais (menos 90,7% do que no segundo trimestre de 2019).

“Sob o efeito da paralisação dos transportes públicos devido à pandemia de covid-19”, recorda o INE, no período em análise o transporte com a maior quebra no movimento de passageiros foi o transporte por metropolitano, que registou menos 76,3% no segundo trimestre de 2020, face ao trimestre homólogo, com um total de 16,3 milhões de passageiros (10,8 milhões em Lisboa e 3,9 milhões no Porto).

O valor mínimo (três milhões) ocorreu no mês de Abril, segundo os dados do INE, mês em que Portugal se encontrava em estado de emergência com a maioria da população confinada.

Também o transporte fluvial sofreu grandes quebras. Foram transportados 1,5 milhões de passageiros, menos 72,4% do que no segundo trimestre de 2019. Destes, 1,3 milhões correspondem ao transporte no Rio Tejo.

Quanto ao transporte de passageiros por comboio, este foi o único meio de transporte que cresceu face ao primeiro trimestre do ano, com um aumento de 6,4%. Ainda assim, face ao segundo trimestre do ano passado, houve uma redução de 70,5%, com um total de 12,7 milhões de passageiros.

A maior redução deu-se no transporte interurbano (75,5%), o que pode ser explicado pelo confinamento e respectivas indicações para permanecer na zona residencial em épocas como a Páscoa ou 1.º de Maio. No transporte suburbano, a redução foi de 69,9%.

Mercadorias também afectadas

Relativamente ao transporte de mercadorias, a maior redução no segundo trimestre também é no transporte aéreo, correspondendo a um decréscimo de 57,4%, para um total de 21,9 mil toneladas.

Já os portos marítimos registaram recuos no número (menos 25,5%) e na dimensão (menos 36%) nas embarcações entradas. No total, as mercadorias movimentadas totalizaram 16,8 milhões de toneladas, menos 22,6% em comparação com o período homólogo. O porto que viu a maior redução foi o de Aveiro (menos 37,4%) e, ao contrário de todos os portos nacionais, o porto do Funchal teve um crescimento de 2,2%.

Também o transporte rodoviário de mercadorias diminuiu, com uma quebra de 19,4%, correspondendo a 31,6 milhões de toneladas. Segundo os dados do INE, a quebra deveu-se especialmente ao transporte internacional, que teve um recuo de 27%, enquanto o nacional recuou 18,1%.

O transporte de gás por gasoduto diminuiu, tanto nas entradas (menos 24,0%) como nas saídas (menos 23,5%). Já o transporte por oleoduto teve um decréscimo de 56,5%, atingindo 332,1 mil toneladas. De acordo com o INE, o principal produto transportado foi o gasóleo, registando, ainda assim, uma diminuição de 38,9% face ao trimestre homólogo.

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