Histórias do Tour: O ciclismo também “rouba” aulas

Até ao final do Tour, o PÚBLICO traz histórias e curiosidades sobre os ciclistas em prova.

Foto
Benoot no Tour 2020 LUSA/Marco Bertorello / Pool

“Gosto das ideias de John Keynes. Um pequeno apoio do Estado é sempre necessário, creio eu. Mas não acredito numa economia puramente comunista. Portanto, concordo com as ideias de Keynes sobre economia”.

Numa aposta às cegas, a grande maioria das pessoas atribuiria esta ideia a um qualquer economista. A um comentador de assuntos financeiros, porventura. Talvez até a um gestor.

Esta ideia saiu, porém, da boca de Tiesj Benoot, ciclista presente na Volta a França ao serviço da Sunweb. Aos 26 anos, este ciclista estuda economia paralelamente ao ciclismo e aproveitou até a pandemia para colocar alguns exames em dia. Não houve dias vazios nem uma espera intolerável pelo regresso à bicicleta, já que Benoot esteve a estudar todos os dias.

Apesar de não ir às aulas há mais de quatro anos, por culpa da carreira profissional de ciclista, a Universidade de Gent deu um estatuto especial a Benoot, que continua a estudar em casa e não parou a aprendizagem.

Outra curiosidade sobre este ciclista é o nome incomum. Benoot já contou que o nome Tiesj surgiu em homenagem à cantora Tish Hinojosa e o legado não ficou por aí. “O meu nome tem essa história engraçada. E já recebi uma mensagem a dizer que uma criança já recebeu este nome depois de mim. Começa a ficar mais conhecido na Bélgica”.

Fora das aulas, dos livros e dos nomes incomuns, o gigante ciclista de Gent, outrora apontado como “novo Tom Boonen”, tem tido uma carreira abaixo do rótulo que lhe foi colocado e das comparações excessivas com que teve de lidar.

Já venceu a camisola branca na Volta ao Algarve, em 2016, e soma já alguns resultados interessantes em clássicas – vários top-10 –, mas, em matéria de vitórias, fica-se, para já, pela Strade Bianche de 2018.

Foi, porém, um triunfo marcante, num dia de chuva intensa e de muita dificuldade – superou Romain Bardet e Wout van Aert, depois de ter apanhado os dois fugitivos vindo de um grupo mais atrasado.

Mas é só. E é pouco, para quem foi o “novo Tom Boonen”.

Sugerir correcção