BCP defende extensão de moratórias de crédito a empresas sem stock

Presidente executivo do Millennium BCP diz que instituição está focada em melhorar o balanço e não no crescimento

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LUSA/JOÃO RELVAS

O presidente executivo do Millennium BCP, Miguel Maya, defendeu esta terça-feira que as moratórias concedidas para os contratos de crédito deveriam ser prolongadas no tempo, de forma a ajudar as empresas portuguesas a recuperar do impacto da pandemia de coronavírus.

Miguel Maya defendeu esta medida dando o exemplo das empresas que não conseguem constituir stocks, como é o caso das empresas que trabalham no sector da hotelaria e turismo, com destruição de cash-flows. “Só se vendem as férias de 2020 uma vez, e uma noite de hotel uma vez. Estas empresas precisam de poder recuperar a tesouraria”, argumentou o presidente do BCP.

Miguel Maya falava esta terça-feira na Conferência da Promoção Imobiliária em Portugal, organizada pela Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII). O presidente do BCP lembrou que em 2018, 30% das empresas apresentaram um EBITDA negativo e que é inevitável que haja muitas empresas que não vão sobreviver a esta pandemia. E depois de lembrar que os sectores do turismo e da indústria automóvel sofreram de forma mais expressiva com esta pandemia, que o INE confirmou uma recessão sem precedentes, com uma quebra de 13,9% do PIB entre o segundo e o primeiro trimestres, também é verdade que há sectores como o da construção que mostraram resiliência e até cresceram 7% no último trimestre.

“A pandemia não esta a ter efeito negativo no mercado imobiliário”, afirmou, dizendo que “a procura não se evaporou” e que o investimento na habitação se mantém. “Sou, no entanto, menos entusiasta no segmento dos espaços comerciais e nos escritórios”, admitiu.

O líder do BCP afirma que as prioridades da instituição foram alteradas. Em vez de ter o foco no crescimento, o importante é reforçar o balanço do banco. “Temos rácios de capital e liquidez que estão muito mais elevados do que o requerido pela regulação”, sublinha.

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