Bombeiro morre no combate a um incêndio em Oliveira de Frades. É o sexto operacional morto em incêndios este ano

O Comando Distrital de Operações de Socorro confirma a morte do bombeiro desaparecido no combate ao fogo de Oliveira de Frades. O Ministério da Administração Interna lamenta o óbito e já pediu abertura de um inquérito ao incêndio.

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LUSA/Rui Miguel Pedrosa

Um bombeiro morreu esta segunda-feira enquanto combatia um incêndio em Oliveira de Frades, no distrito de Viseu, avança fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS). Este é o quinto bombeiro que morre este ano durante o combate a incêndios e o sexto operacional a morrer nestas circunstâncias.

O bombeiro, que estava desaparecido desde o início da tarde, era da corporação de Oliveira de Frades, disse a mesma fonte. Contactado pelo PÚBLICO, o CDOS de Viseu não adiantou as circunstâncias em que a morte ocorreu.

O ministro da Administração Interna já lamentou o óbito, tendo pedido à Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) a abertura de um inquérito ao incêndio. Em comunicado, Eduardo Cabrita envia “os sentidos pêsames à família, amigos” e à corporação da vítima.

“Recebi, com muita tristeza, a notícia da morte do bombeiro Pedro Daniel Ferreira, do Corpo de Bombeiros Voluntários de Oliveira de Frades, durante as operações de combate ao incêndio que deflagrou esta segunda-feira no concelho de Oliveira de Frades”, pode ler-se na nota.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também reagiu à morte do bombeiro, no distrito de Viseu, e considerou que os bombeiros portugueses “se têm confrontado com perdas irreparáveis”. Numa nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet o chefe de Estado “lamenta, com profunda consternação”, a morte do bombeiro.

O Presidente da República “envia as mais sentidas condolências à família enlutada e ao Corpo de Bombeiros de Oliveira de Frades, abraçando, nesta hora difícil, a causa de todos os bombeiros de Portugal”.

Combate aos incêndios já causou seis mortes este ano

Este é o quinto bombeiro que morre este ano durante o combate a incêndios. A primeira morte aconteceu a 11 de Julho no combate a um incêndio na serra da Lousã, em Coimbra. A vítima foi o chefe de equipa dos bombeiros voluntários de Miranda do Corvo, José Augusto, e houve ainda registo de três outros bombeiros feridos. O segundo óbito aconteceu na semana seguinte, a 18 de Julho, tendo um bombeiro entrado em paragem cardiorrespiratória durante as operações de rescaldo de um fogo em Arrabal, concelho de Leiria. No mesmo dia, cinco bombeiros ficaram feridos num acidente em Ourém.

Em Julho, houve ainda registo da morte de Diogo Dias, bombeiro de 21 anos da corporação de Proença-a-Nova, a 25 de Julho. A viatura em que seguia despistou-se quando se dirigia para o incêndio em Oleiros. Os restantes ocupantes ficaram feridos. A 30 de Julho, morreu um bombeiro que estava internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, depois de ter ficado gravemente ferido no combate a um incêndio em Castro Verde, a 13 de Julho. 

A 9 de Agosto morreu o piloto de um avião Canadair CL215 que caiu perto da Barragem do Alto do Lindoso, onde combatia um incêndio. É o sexto operacional morto no combate aos incêndios em 2020 — tinha 65 anos e morreu no local após paragem cardiorrespiratória.

Depois de “dia difícil”, terça-feira vai ser “extremamente complexa"

De acordo com a página da ANEPC, às 00h o incêndio de Oliveira de Frades estava a ser combatido por 457 operacionais e 148 veículos. O comandante de agrupamento distrital da ANEPC, Pedro Nunes, indicou que o fogo tem duas frentes activas e “não está ainda estabilizado”, mas a situação está a evoluir “de uma forma favorável”, podendo ficar controlada durante a madrugada.

Dos sete incêndios rurais que se encontravam activos em Portugal até ao final da noite desta segunda-feira, o incêndio de Oliveira de Frades é o que mobiliza mais meios. No total, às 00h, 1513 operacionais, apoiados por 464 veículos e duas aeronaves, combatiam as chamas em território nacional.

Durante o briefing ​à comunicação social sobre a situação nacional, Pedro Nunes referiu que a ANEPC registou a ocorrência de 100 incêndios até às 18h e que a probabilidade de haver mais ignições até ao fim do dia “é grande”, o que prova que esta segunda-feira foi “um dia difícil”. 

O comandante afirmou que as “rajadas de ventos fortes” criaram “muitas dificuldades” no combate um pouco por todo o país, avisando que terça-feira vai ser “um dia extremamente complexo”. 

“Sabemos que muitas destas ignições advêm de más práticas e de comportamentos de risco das pessoas. Apelamos a que não usem máquinas em espaços agrícolas, nem em espaços florestais, e aqueles que estejam tentados a usar o fogo para algo não o façam nos próximos dias e nas próximas horas”, pediu.

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