Reuniões com especialistas mudam-se para o Porto “porque Infarmed está em obras”

Governo não explica a razão que conduziu à decisão de tornar pública a primeira parte da 11.ª reunião entre políticos e especialistas.

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O encontro conta com membros do Governo e líderes partidários LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Esta segunda-feira, dois meses depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter anunciado o fim dos encontros quinzenais que ficaram conhecidos como “as reuniões do Infarmed”, políticos, sindicatos, patrões, conselheiros de Estado e especialistas em saúde pública voltam a reunir-se para discutir estatísticas e a situação epidemiológica em Portugal. Mas desta vez a morada será diferente. O reencontro está agendado para as 15h, no auditório da Faculdade de Medicina da Universidade Porto, “uma vez que as instalações do Infarmed vão entrar em obras”, justificou ao PÚBLICO fonte do gabinete do primeiro-ministro.

Além da nova morada, que não se sabe por quantos encontros se irá manter, a reunião desta segunda-feira traz como novidade a transmissão da parte expositiva da reunião, algo que nunca aconteceu nos anteriores encontros, todos eles à porta fechada e com alguma reserva sobre os dados apresentados no encontro.

Agora, nesta 11.ª reunião, qualquer pessoa poderá acompanhar as informações relativas à situação epidemiológica actual, que vão ser apresentadas por Pedro Pinto Leite, da Direcção-Geral de Saúde, e Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. O arranque pode ser visto no canal YouTube do Governo e em sinal aberto pelas televisões.

Questionado sobre o motivo que levou o Governo a tornar pública a primeira parte da reunião, o gabinete do primeiro-ministro não adiantou nada que a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, não tivesse já afirmado no briefing do Conselhos de Ministros. Apesar da insistência do PÚBLICO, o gabinete do líder do Governo repetiu apenas que o regresso das reuniões se deve à alteração das circunstâncias, uma vez que o executivo se prepara para recuar no desconfinamento e colocar todo o território continental em situação de contingência a partir de 15 de Setembro (que até agora vigora na Área Metropolitana de Lisboa). “O primeiro-ministro, desde o momento em que foram descontinuadas, disse que uma alteração das circunstâncias, dados novos sobre os inquéritos que estavam em curso ou informação nova para ser discutida faria com que regressássemos às reuniões”, afirmou à data Mariana Vieira da Silva.

Apesar de o Governo não clarificar se a decisão foi tomada por iniciativa própria, por sugestão de Marcelo Rebelo de Sousa ou a pedido dos especialistas técnicos, as críticas à escassez de informação já se vinham a acumular ainda antes da interrupção dos encontros.

No início de Agosto, o deputado e médico social-democrata Ricardo Baptista Leite argumentava que quanto maior fosse o nível de exposição dos dados menor seria o risco de erro. Também o PAN criticou o modelo fechado, alertando também para “a necessidade de envolver outros especialistas”.

Além da discussão das medidas que serão aplicadas a partir da próxima semana em situação de contingência, incluindo a preparação do regresso às aulas, o 11.º encontro fará uma actualização sobre o inquérito serológico, o ponto de situação da investigação científica para a descoberta de vacinas contra a covid-19 e da aplicação Stay Away Covid para telemóveis.

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