Novak Djokovic atinge juíza de linha e é desqualificado do US Open
Sérvio, que fala num gesto tão errado quanto involuntário, perde a possibilidade de conquistar o 18.º título do Grand Slam. E reconhece a necessidade de uma introspecção.
O caso é insólito mas o desfecho era mais ou menos previsível: o sérvio Novak Djokovic, primeiro cabeça de série e número 1 mundial, foi neste domingo desqualificado do Open dos Estados Unidos, ao atingir com uma bola uma juíza de linha, no encontro com o espanhol Pablo Carreño-Busta. O torneio perde, assim, a sua grande figura numa fase ainda precoce.
Numa altura do encontro dos oitavos-de-final em que perdia por 6-5, no primeiro set, Djokovic atirou, aparentemente sem intenção, a bola contra uma juíza de linha, que caiu e ficou, momentaneamente, combalida.
A intenção seria devolver a bola a um apanha-bolas, mas acertou em cheio na juíza e, dessa forma, violou uma das regras de conduta, conforme explicou a organização do torneio, num comunicado.
Wow. Novak Djokovic has been defaulted from the #USOpen after striking a lineswoman with a ball.
— Sacha Pisani (@Sachk0) September 6, 2020
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“De acordo com os regulamentos do Grand Slam, e depois de ter batido de forma perigosa ou imprudente na bola dentro do court, ou de forma negligente sem atender às consequências, o supervisor do US Open excluiu Novak Djokovic do torneio de 2020. Porque foi desqualificado, Djokovic perderá todos os pontos ganhos no torneio e será multado no valor do prize-money”.
A equipa de arbitragem esteve, depois do incidente, a dialogar em pleno court e decidiu-se pela desqualificação do sérvio, que perseguia um quarto título no US Open, após as vitórias de 2011, 2015 e 2018, e um 18.º do Grand Slam.
Djokovic, que era o principal favorito à conquista do título, podia aproximar-se dos 19 Grand Slams do espanhol Rafael Nadal e dos 20 do recordista, o suíço Roger Federer, ambos ausentes de Flushing Meadows. Terá, no mínimo, de adiar o objectivo, depois de uma saída de cena “chocante”, nas palavras de Carreño-Busta. “Bem, regras são regras”, resumiu o espanhol.
"A decisão certa"
Já na ressaca da desqualificação, o líder do ranking lamentou o sucedido e assumiu a responsabilidade pelo incidente. “Peço desculpas ao US Open e a todos os que foram afectados pelo meu comportamento”, escreveu Djokovic, na sua conta oficial do Instagram, acrescentando que “toda esta situação” o deixou “triste e vazio”.
O sérvio explicou que já se inteirou da situação da juíza de linha que atingiu, reconhecendo que o gesto foi tão errado quanto involuntário e admitindo que precisa de “fazer uma introspecção e trabalhar em cima desta decepção”.
Se o mea culpa de Djokovic já suportava, de alguma forma, a decisão de exclusão, as reacções de outras figuras do ténis foram no mesmo sentido. “Foi a decisão certa”, considera Tim Henman, que foi desqualificado do torneio de Wimbledon por um incidente similar, em 1995. “Ele não apontou à juíza de linha, mas desfez-se da bola e temos de ser responsáveis pelos nossos actos”, declarou à Amazon Prime.
O antigo campeão Mats Wilander, hoje comentador da Eurosport, considerou o gesto do sérvio infeliz. “Não é permitido fazer aquilo. É o máximo do azar que podemos ter dentro do court, mas ele não devolveu a bola ao apanha-bolas de forma correcta, isso é o principal”, avaliou. “É um acto de frustração, sim, mas não importa, não se pode fazer aquilo”.
O afastamento de Novak Djokovic vem ensombrar umas últimas semanas complicadas para o sérvio, que já tinha sido alvo de críticas por ter organizado o Adria Tour, um torneio de exibição em que vários jogadores foram infectados com covid-19, e que recentemente tinha anunciado o abandono do cargo de presidente do Conselho de Jogadores do ATP para formar uma nova associação.