Novak Djokovic atinge juíza de linha e é desqualificado do US Open

Sérvio, que fala num gesto tão errado quanto involuntário, perde a possibilidade de conquistar o 18.º título do Grand Slam. E reconhece a necessidade de uma introspecção.

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LUSA/JASON SZENES
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Reuters/Danielle Parhizkaran
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O caso é insólito mas o desfecho era mais ou menos previsível: o sérvio Novak Djokovic, primeiro cabeça de série e número 1 mundial, foi neste domingo desqualificado do Open dos Estados Unidos, ao atingir com uma bola uma juíza de linha, no encontro com o espanhol Pablo Carreño-Busta. O torneio perde, assim, a sua grande figura numa fase ainda precoce.

Numa altura do encontro dos oitavos-de-final em que perdia por 6-5, no primeiro set, Djokovic atirou, aparentemente sem intenção, a bola contra uma juíza de linha, que caiu e ficou, momentaneamente, combalida. 

A intenção seria devolver a bola a um apanha-bolas, mas acertou em cheio na juíza e, dessa forma, violou uma das regras de conduta, conforme explicou a organização do torneio, num comunicado.

“De acordo com os regulamentos do Grand Slam, e depois de ter batido de forma perigosa ou imprudente na bola dentro do court, ou de forma negligente sem atender às consequências, o supervisor do US Open excluiu Novak Djokovic do torneio de 2020. Porque foi desqualificado, Djokovic perderá todos os pontos ganhos no torneio e será multado no valor do prize-money”.

A equipa de arbitragem esteve, depois do incidente, a dialogar em pleno court e decidiu-se pela desqualificação do sérvio, que perseguia um quarto título no US Open, após as vitórias de 2011, 2015 e 2018, e um 18.º do Grand Slam.

Djokovic, que era o principal favorito à conquista do título, podia aproximar-se dos 19 Grand Slams do espanhol Rafael Nadal e dos 20 do recordista, o suíço Roger Federer, ambos ausentes de Flushing Meadows. Terá, no mínimo, de adiar o objectivo, depois de uma saída de cena “chocante”, nas palavras de Carreño-Busta. “Bem, regras são regras”, resumiu o espanhol.

"A decisão certa"

Já na ressaca da desqualificação, o líder do ranking lamentou o sucedido e assumiu a responsabilidade pelo incidente. “Peço desculpas ao US Open e a todos os que foram afectados pelo meu comportamento”, escreveu Djokovic, na sua conta oficial do Instagram, acrescentando que “toda esta situação” o deixou “triste e vazio”.

O sérvio explicou que já se inteirou da situação da juíza de linha que atingiu, reconhecendo que o gesto foi tão errado quanto involuntário e admitindo que precisa de “fazer uma introspecção e trabalhar em cima desta decepção”.

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This whole situation has left me really sad and empty. I checked on the lines person and the tournament told me that thank God she is feeling ok. I‘m extremely sorry to have caused her such stress. So unintended. So wrong. I’m not disclosing her name to respect her privacy. As for the disqualification, I need to go back within and work on my disappointment and turn this all into a lesson for my growth and evolution as a player and human being. I apologize to the @usopen tournament and everyone associated for my behavior. I’m very grateful to my team and family for being my rock support, and my fans for always being there with me. Thank you and I’m so sorry. Cela ova situacija me cini zaista tužnim i praznim. Proverio sam kako se oseca linijski sudija, i prema informacijama koje sam dobio, oseca se dobro, hvala Bogu. Njeno ime ne mogu da otkrijem zbog ocuvanja njene privatnosti. Jako mi je žao što sam joj naneo takav stres. Nije bilo namerno. Bilo je pogrešno. Želim da ovo neprijatno iskustvo, diskvalifikaciju sa turnira, pretvorim u važnu životnu lekciju, kako bih nastavio da rastem i razvijam se kao covek, ali i teniser. Izvinjavam se organizatorima US Opena. Veoma sam zahvalan svom timu i porodici što mi pružaju snažnu podršku, kao i mojim navijacima jer su uvek uz mene. Hvala vam i žao mi je. Bio je ovo težak dan za sve.

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Se o mea culpa de Djokovic já suportava, de alguma forma, a decisão de exclusão, as reacções de outras figuras do ténis foram no mesmo sentido. “Foi a decisão certa”, considera Tim Henman, que foi desqualificado do torneio de Wimbledon por um incidente similar, em 1995. “Ele não apontou à juíza de linha, mas desfez-se da bola e temos de ser responsáveis pelos nossos actos”, declarou à Amazon Prime.

O antigo campeão Mats Wilander, hoje comentador da Eurosport, considerou o gesto do sérvio infeliz. “Não é permitido fazer aquilo. É o máximo do azar que podemos ter dentro do court, mas ele não devolveu a bola ao apanha-bolas de forma correcta, isso é o principal”, avaliou. “É um acto de frustração, sim, mas não importa, não se pode fazer aquilo”.

O afastamento de Novak Djokovic vem ensombrar umas últimas semanas complicadas para o sérvio, que já tinha sido alvo de críticas por ter organizado o Adria Tour, um torneio de exibição em que vários jogadores foram infectados com covid-19, e que recentemente tinha anunciado o abandono do cargo de presidente do Conselho de Jogadores do ATP para formar uma nova associação.

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