Sorte de Coric em tragédia grega

Croata vence maratona de 4h30m e apura-se para os oitavos-de-final. Serena Williams passa no primeiro grande teste no US Open.

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LUSA/JASON SZENES

Borna Coric foi um dos tenistas que foram contagiados pela covid-19 quando disputou o Adria Tour, em preparação para o regresso dos circuitos profissionais. Para trás ficavam semanas de treino intenso, mas o croata deu um passo atrás e voltou a aplicar-se em mais seis semanas de trabalho. Na madrugada de sábado, o antigo 12.º do ranking recebeu uma recompensa, quando eliminou um dos favoritos, o grego Stefanos Tsitsipas, após sobreviver a seis match-points, a caminho dos “oitavos” do US Open.

O facto de Coric não ter imposto outro objectivo para esta época atípica senão manter-se saudável - no ano passado, teve lesões no adutor, abdominais e costas - tem-no ajudado a jogar sob menos pressão. O mais curioso é que, já na ronda anterior, tinha recuperado de 0-2 em sets.

Desta vez, o croata viu Tsitsipas comandar por dois sets a um e liderar o quarto, por 5-1. O grego dispôs de dois match-points a 5-3 e mais quatro no jogo seguinte, em que serviu a 40-0. Só que a descrença foi tomando conta do número seis do ranking e, ao chegar ao tie-break decisivo, com uma única dupla-falta em 26 jogos de serviço, cometeu mais duas.

“Tive muita sorte. Nos terceiro e quarto sets, ele estava a jogar um ténis incrível e senti que não tinha hipótese. No último tie-break, sabia que não ia ser fácil para ele por isso tentei apenas manter a bola no court e prolongar o ponto”, admitiu Coric, depois de concluir em 4h36m: 6-7 (2/7), 6-4, 4-6, 7-5 e 7-6 (7/4).

Apesar de uma carreira irregular, o actual 32.º na hierarquia mundial continua a confirmar as qualidades que lhe foram detectadas desde cedo: foi número um do ranking mundial júnior em 2013, depois de ter conquistado o US Open do escalão; um ano mais tarde já era o mais novo no top 100; e, em 2015, o mais novo no top 50. Disputou a primeira final no ATP Tour em 2016 e, no ano seguinte, conquistou em Marraqueche o primeiro de dois títulos.

Pelo meio, Coric contabilizou vitórias sobre Rafael Nadal, Andy Murray e, em 2018, na relva de Halle, venceu Roger Federer - tornando-se no mais jovem campeão em 27 anos de história da prova. Nesse ano, ajudou a Croácia a conquistar a Taça Davis.

Aos 23 anos, Coric vai muito a tempo de estrear-se nos quartos-de-final de um torneio do Grand Slam, pois tem no australiano Jordan Thompson (63.º), um adversário acessível.

Outra grande recuperação foi protagonizada por Denis Shapovalov (17.º). O canadiano viu Taylor Fritz (25.º) servir para fechar o encontro no quarto set, mas recuperou de 2-5 para vencer, por 3-6, 6-3, 4-6, 7-6 (7/5) e 6-2. “Cada encontro que disputo tem sido duro e não vai mudar. Estou pronto para qualquer coisa”, afirmou Shapovalov, antevendo o próximo duelo com David Goffin (10.º).

Novak Djokovic (1.º) subiu o nível do seu jogo para vencer Jan Lennard Struff (29.º), por 6-3, 6-3 e 6-1. Segue-se Pablo Carreño Busta (27.º), que em 2017 chegou às meias-finais.

Também Alexander Zverev (7.º) passou aos oitavos-de-final após eliminar Adrian Mannarino (39.º), por 6-7 (5), 6-4, 6-2 e 6-2, num encontro que esteve para não acontecer.

No torneio feminino, Serena Williams (8.ª) prossegue na demanda do 24.º título do Grand Slam e, no maior teste até ao momento, afastou a também norte-americana e campeã de 2017, Sloane Stephens (39.ª), por 2-6, 6-2 e 6-2.

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