BE diz que auditoria da Deloitte tem conflitos de interesse e pede que seja considerada nula

Bloco de Esquerda diz que a auditoria feita pela Deloitte tem conflitos de interesse e não garante seriedade e independência necessária ao processo de escrutínio às operações do Novo Banco.

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Mariana Mortágua acredita que mais do que nunca há matéria para uma nova comissão de inquérito Nuno Ferreira Santos

Para o BE, a auditoria ao Novo Banco está “ferida de morte” e não garante “seriedade, rigor e independência”. Em causa está o “conflito de interesses” denunciado nesta sexta-feira e de acordo com o qual a Deloitte Espanha assessorou o Novo Banco na venda da GNB Vida concluída em 2019. A notícia foi avançada pelo Jornal Económico e omitida da auditoria especial ao Novo Banco feita pela Deloitte [portuguesa]. O BE, que esta semana avançou com um pedido para uma nova comissão de inquérito ao Novo Banco, pede ao Presidente da República e ao Governo que a considerem nula.

“Tivemos conhecimento, através de uma denúncia, de um facto que entretanto confirmámos por uma notícia antiga da agência Reuters de 2017 e que hoje surge na comunicação social”, explicou a deputada bloquista Mariana Mortágua, esta sexta-feira, numa conferência de imprensa na sede do partido.

Para o BE, a auditoria "não garante seriedade, rigor, independência nem a defesa do interesse público”. “Da mesma forma que foi entendido pelo Presidente da República e pelo Governo que esta auditoria era importante para analisar as próximas injecções de fundos no Novo Banco, é preciso agora considerar nula a auditoria e nulos os seus resultados uma vez que ela não só acaba por validar as operações do Novo Banco como sabemos que ela não garante a independência necessária”, argumentou Mariana Mortágua.

“A Deloitte, na sua auditoria, não refere a desvalorização da GNB Vida, não refere as associações entre o comprador a um corrupto condenado e também não refere que a própria Deloitte foi assessora financeira do Novo Banco na venda da GNB Vida e, portanto, tem uma responsabilidade partilhada”, nota Mariana Mortágua. “O facto de não referir na sua auditoria que assessorou financeiramente o Novo Banco na venda da GNB Vida coloca em causa a auditoria. Como pode o consultor de uma venda auditar de forma independente essa venda? Não pode”, considerou a parlamentar.

Ainda que tenha reforçado a importância da nova comissão de inquérito proposta pelo BE, Mariana Mortágua avisou que esta nova comissão não pode ser demasiado alargada sob pena de diluir os resultados, mas defendeu uma análise “ao pormenor, com rigor, com seriedade, com independência e com sentido de defesa intransigente do interesse público”. “O que é preciso neste momento é avaliar a administração do Novo Banco para impedir novas injecções”, declarou.

A questão do Novo Banco é um dos temas levados ao encontro do BE com o Governo para as negociações do Orçamento de Estado de 2021. O Novo Banco será justamente um dos temas previstos para a reunião agendada entre os bloquistas e o ministro das Finanças.

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