“Senhorio laissez-faire” ou “guardião tolerante”: que dono de gato és tu?

Estudo de universidade britânica determinou cinco tipos de donos de gatos, de acordo com a opinião que os mesmos têm sobre os hábitos de caça dos animais. Detestas que o teu gato te deixe prémios da caça à porta, ou não te importas em ter um predador em casa? Descobre que tipo de dono de gato és.

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Manka Vitolic/Unsplash

De acordo com um estudo da Universidade de Exeter, no Reino Unido, que tem por base as reacções dos donos ao vaguear e caçar dos seus animais de estimação, existem cinco tipos de donos de gatos. Encontrar pequenos animais mortos à porta de casa é desagradável ou os donos vêem-no como um comportamento aceitável dos gatos? Trata-se de uma reflexão sobre o carácter predatório dos gatos, o que os donos pensam disso e como isso afecta a vida selvagem.

Segundo o artigo, intitulado Diverse perspectives of cat owners indicate barriers to and opportunities for managing cat predation of wildlife e publicado no jornal Frontiers in Ecology and the Environment, as organizações de conservação da vida selvagem no Reino Unido estão preocupadas com o número de animais capturados pela grande população de gatos domésticos. A maioria dos gatos não consegue matar muitos animais selvagens. Contudo, numa população de cerca de 10 milhões de gatos, o número de pássaros, pequenos mamíferos e répteis vítimas destes predadores domésticos pode ser significativo.

Após levarem a cabo um inquérito no Reino Unido a 56 donos de gatos, tanto de zonas rurais como urbanas, os investigadores da Universidade de Exeter construíram uma escala que varia entre “cuidadores conscienciosos” (preocupados com o impacto dos gatos na vida selvagem e que assumem alguma responsabilidade) e “defensores da liberdade” (que se opõem às restrições do comportamento dos gatos).

Entre os dois extremos encontram-se os “protectores preocupados” (focados na segurança dos gatos), os “guardiões tolerantes” (que não gostam que os seus gatos cacem, mas têm tendência para o aceitar), e os “senhorios laissez-faire” (que desconhecem completamente qualquer problema relacionado com os gatos vaguearem e caçarem).

Sarah Crowley, autora principal do estudo, explica, no comunicado de imprensa, que dificilmente o confinamento dos gatos é apoiado entre os donos do Reino Unido. “Embora tenhamos encontrado uma variedade abrangente de perspectivas, a maioria dos donos de gatos no Reino Unido valoriza o acesso dos animais ao exterior e rejeita a ideia de os restringir ao interior de casa para os impedir de caçar”, conclui. Contudo, para além de quando os gatos exercem a sua função de “ratoeiras”, a maioria dos donos considera que receber animais mortos em casa é uma lembrança desagradável do lado selvagem dos primeiros. Sendo que apenas um dos tipos de donos vê a caça como algo positivo, os restantes podem estar interessados em reduzi-la de alguma forma.

O estudo insere-se num projecto a decorrer na Universidade de Exeter, Cats, Cat Owners and Wildlife, focado em compreender como os donos vêem os seus animais e como os podem orientar melhor para revolver o problema de forma equilibrada para ambas as partes. Assim, o desafio passa por identificar estratégias diversificadas de controlo dos gatos — compatíveis com as circunstâncias em que os donos se encontram —, que os beneficiem e reduzam o ataque da vida selvagem.

Algumas medidas sugeridas para reduzir o sucesso da caça incluem colocar coleiras de cores luminosas, chamadas BirdsBeSafe, ou sinos nas próprias coleiras dos gatos. A equipa de investigação está a testar a eficácia destas e de outras medidas e como os donos se sentem em relação a elas, pois “é necessária uma abordagem pragmática onde as perspectivas dos donos são consideradas como parte de estratégias de conservação mais abrangentes”.

Com a intervenção certa podem ser aprimorados os esforços de conservação, mantido o bem-estar dos gatos e melhorada a relação entre estes e os seres humanos. Algo que, de acordo com o estudo, se pode manifestar especialmente no caso dos “guardiões tolerantes” e dos “cuidadores conscienciosos”, ao reduzir o conflito interno entre amarem um animal que frequentemente caça outros animais com os quais também se preocupam.

Texto editado por Ana Maria Henriques

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