Fernando Santos: “Vamos tentar ganhar com alegria, rigor e a naturalidade de sempre”

Seleccionador nacional tem dúvidas quanto à utilização de Cristiano Ronaldo frente à Croácia e admite que índices físicos estão longe do ideal.

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Fernando Santos inicia defesa do título frente à Croácia na Liga das Nações LUSA/DIOGO PINTO/FPF/HO

O seleccionador nacional, Fernando Santos, projectou esta sexta-feira em conferência de imprensa realizada no final do treino de adaptação ao Estádio do Dragão, no Porto, o jogo de estreia da segunda edição da Liga das Nações, frente à Croácia, vice-campeã mundial, que Portugal defronta, para o Grupo 3 da Liga A, às 19h45 (RTP), que não deverá ter Cristiano Ronaldo entre os jogadores disponíveis.

A um golo dos 100 ao serviço da equipa das quinas, o avançado português está a recuperar de uma infecção num dedo do pé, o que levou Fernando Santos a colocar algumas reservas quanto à presença de Cristiano no onze.

“Tenho algumas dúvidas de que esteja em condições. O Cristiano treinou-se bem na terça-feira, mas no dia seguinte sentiu dores no pé. Para que se entenda, não é uma lesão normal do futebol, mas uma infecção que está a ser tratada com antibiótico. Esperamos poder resolver o problema... ele está melhor, já foi visto por um dermatologista e a evolução tem sido boa. Vamos aguardar”, esclareceu o seleccionador sem grandes ilusões para este primeiro embate.

“São os antibióticos que vão mandar e o próprio organismo”, rematou, centrando-se no jogo, na ausência de público, na forma física dos futebolistas, na sobrecarga de jogos imposta pela situação excepcional que se vive desde o Março, motivada pela pandemia, e na qualidade do adversário... mesmo sem Modric e Rakitic.

“O facto de não haver adeptos nos estádios afecta sempre. Sabemos que não é igual. Especialmente em casa. Por isso lhes chamamos o 12.º jogador. Muitas vezes quem leva as equipas para a frente é o público. Temos é que estar mentalizados para fazermos bem as coisas. Esta selecção foi duas vezes campeã: da Europa e da Liga Nações. Temos um espírito ambicioso e queremos ganhar sempre”, destacou, mesmo sabendo que os jogadores estão agora a iniciar a preparação da nova época nos clubes.

“A situação é diferente e pior. Alguns jogadores nem a pré-época começaram. Iniciaram-na aqui na selecção. Ninguém vai esperar altos índices. Aliás, vimos vários jogos e é óbvio que o momento das equipas não é o ideal. Mas os jogadores gostam de cá estar e vão jogar com alegria, rigor, vontade e a concentração necessária para alcançar um bom resultado com a Croácia, uma selecção poderosa”.

“Temos dois jogos em três dias. Nenhuma selecção tem jogadores em forma. Vamos avaliar e tomar decisões”, nota, satisfeito com a possibilidade de poder fazer cinco substituições.

“Os jogadores não estão aptos para jogar os 90 minutos. Poderá haver quem supere melhor, mas vamos analisar para tomarmos as decisões certas”.

Num grupo que reúne os campeões do Mundo e da Europa, para além dos vice-campeões mundiais e da Suécia, há muitas incógnitas a baralhar o trabalho dos treinadores, cuja referência são os jogos de há dez meses.

“Nem conhecemos alguns dos convocados… em contexto de selecção. Mas julgo que não será muito diferente do que vimos na fase de apuramento para o campeonato da Europa. A Croácia é uma equipa poderosa, mas Portugal tem condições de vencer”, reagiu, sublinhando que a grande ausência dos croatas é Modric, uma vez que “Rakitic participou apenas num jogo”.

“São jogadores de enorme qualidade, que actuam nas melhores equipas do mundo que ganharam uma bola de ouro. Os artistas dão sempre o toque de qualidade que pode decidir os jogos. Mas a Croácia vai demonstrar a qualidade da selecção. Fazem sempre falta”.

Fernando Santos concluiu a conferência com pragmatismo face aos condicionalismos impostos pelas regras sanitárias decorrentes da covid-19.

“É muito difícil encontrar a solução. Esta calendarização não tem nada de positivo, excepto poder ver outros jogadores em contexto de jogo, pois os seleccionadores vão ter que alargar o leque de convocados. O melhor é esquecer, não vale a pena bater no ceguinho. Vamos é ter que jogar com a mesma alegria, empenho e entrar em campo com o objectivo claro de ganhar, fazendo-o com a mesma naturalidade de sempre”.

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