Lukashenko muda chefias do aparelho de segurança

Primeiro-ministro russo chegou a Minsk para preparar cimeira entre Presidente bielorrusso e Putin.

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A lealdade das forças de segurança é fundamental para Lukashenko conseguir manter-se no poder ALEXANDER ASTAFYEV/EPA

O Presidente bielorrusso, Aleksander Lukashenko, substituiu as chefias dos principais organismos responsáveis pela segurança, noticiou a agência Belta, citada pela Reuters.

Lukashenko nomeou o ex-director da comissão estatal de controlo Ivan Tertel para chefiar o KGB, os serviços secretos bielorrussos, e Valerii Vakulchik, que era presidente da comissão estatal de segurança, para dirigir o Conselho de Segurança. Vasili Gerasimov foi nomeado como director interino da comissão estatal de controlo.

As mudanças ocorrem num contexto particularmente difícil para Lukashenko, que enfrenta o maior movimento de contestação desde que assumiu o poder, há 26 anos. A oposição não reconhece os resultados oficiais das eleições de 9 de Agosto, que atribuíram perto de 80% dos votos a Lukashenko e, desde então, os protestos nas ruas das principais cidades do país intensificaram-se.

Ao mesmo tempo, o movimento de contestação tem contado com o apoio da União Europeia, que pretende repor sanções económicas.

Neste quadro, o apoio e a lealdade do aparelho de segurança assumem uma forte importância para Lukashenko, que pretende acabar de uma vez por todas com os protestos.

As forças de segurança bielorrussas são acusadas de cometer abusos sobre manifestantes detidos, incluindo tortura.

Apesar da forte repressão, o movimento de protesto não dá sinais de esmorecer. No último fim-de-semana, cerca de dez mil mulheres organizaram uma marcha em Minsk contra a violência policial e com apelos para a libertação dos presos políticos.

Uma peça determinante para o desenrolar dos acontecimentos na Bielorrússia é a posição da Rússia, que exerce uma forte influência sobre o país vizinho, onde tem muitos interesses económicos, políticos e militares. O primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, aterrou nesta quinta-feira para se encontrar com Lukashenko.

O encontro deverá servir para estabelecer as condições para uma cimeira entre Lukashenko e o Presidente russo, Vladimir Putin, a decorrer nas próximas semanas.

A forte contestação levou o regime de Lukashenko a reaproximar-se da Rússia, com o intuito de garantir protecção de Moscovo na eventualidade de uma subida da tensão. Na semana passada, o Kremlin disse estar disponível para enviar assistência militar e policial para conter os protestos na Bielorrússia.

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