Covid-19: estudo sugere período de quarentena mais longo

Estudo publicado na revista BMJ Open indica que o vírus demora uma média de 36 dias a desaparecer do organismo após os primeiros sintomas, embora não seja claro se os doentes podem transmitir o vírus ao longo de todo este período. Especialistas referem que os doentes devem ser novamente testados quatro semanas após o diagnóstico.

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Equipa de investigadores analisou a evolução de 4480 habitantes de Reggio Emilia, uma das zonas de Itália mais afectadas pela pandemia EPA/LUCA ZENNARO

 Os doentes infectados com covid-19 devem ser submetidos a um novo teste pelo menos quatro semanas depois do aparecimento dos primeiros sintomas, para confirmar a cura e minimizar o risco de contágio, revela um estudo da revista “BMJ Open”. Os autores do estudo publicado na quarta-feira, radicados na região italiana de Emília-Romana [norte], alertaram que, segundo a sua investigação, o novo coronavírus “demora uma média de 30 dias a desaparecer do corpo após o primeiro teste positivo e 36 dias após os primeiros sintomas”. Apesar de não se saber ainda o suficiente sobre o risco de contágio neste período, os investigadores defendem que se deve aumentar o período de 14 dias de quarentena actualmente definido. 

Segundo noticia a agência noticiosa EFE, os investigadores lembram, no entanto, que “ainda se desconhece até que ponto uma pessoa é passível de transmitir o vírus durante o período de convalescença”. E sublinham ainda que “é relativamente alta” a taxa de “falsos negativos” obtidos nos testes realizados durante as primeiras fases de recuperação do doente.

O estudo, liderado por Francesco Venturelli, da unidade de Epidemiologia do IRCCS de Reggio Emilia, defende que é importante realizar novos testes passado o período de pelo menos quatro semanas, para minimizar o risco de contágio de propagação da covid-19. E aconselham que, uma vez estabelecido quanto tempo demora o vírus a desaparecer do corpo humano, deve modificar-se o período de isolamento (quarentena) recomendado para pessoas com ou sem sintomas, que é actualmente de 14 dias, fixado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Para chegarem a estas conclusões, a equipa de investigadores analisou a evolução de 4480 habitantes de Reggio Emilia, uma das zonas de Itália mais afectadas pela pandemia, que testaram positivo para o novo coronavírus entre 26 de Fevereiro e 22 de Abril. Deste grupo de pacientes, 428 pessoas morreram e 1259 foram consideradas livres do vírus durante o período em que se promoveu o estudo, com pelo menos um teste negativo após um positivo inicial. O período médio para registar a ausência de vírus após o primeiro positivo foi de 31 dias, assinalaram os investigadores.

Falsos negativos

A equipa de investigação realizou uma segunda prova a 1162 pacientes nos 15 dias após o primeiro diagnóstico positivo, 14 dias após o segundo teste e nove dias após o terceiro teste. O estudo demonstrou que alguns resultados negativos obtidos inicialmente eram falsos, pois converteram-se em positivos nos testes seguintes, com um rácio de um falso negativo por cada cinco resultados negativos.

Os autores da investigação defendem que realizar um teste 14 dias após o primeiro positivo leva “na maioria dos casos a obter o mesmo resultado” e regista-se ainda uma taxa “relativamente alta” de falsos negativos até três semanas depois. Visto os resultados indicarem que o período de infecção pode ser “muito longo”, os investigadores entendem que, para evitar novos contágios, “o período de isolamento deveria ser aumentado, para 30 dias desde os primeiros sintomas, e que os pacientes deveriam ser submetidos no mínimo a um teste” antes de terminar a quarentena.

A pandemia do coronavírus que provoca a covid-19 já provocou pelo menos 857.824 mortos e infectou mais de 25,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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