A covid-19 mudou a minha vida, será que vai mudar a minha geração?

Tenho 15 anos. No fim de 2019 todas as pessoas que me rodeavam estavam fascinadas, alegres e cheias de esperança em relação ao que 2020 lhes poderia trazer.

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Basta olhar para um passado bem próximo para me dar conta que a minha vida mudou drasticamente na maioria dos aspectos com a pandemia de covid-19, desde um sedentarismo um pouco corrente aos pensamentos macabros sobre um futuro que antes era visto de uma forma sublime e perfeita. Nos dias que correm, com uma aparência obscura de pobreza, surgem a angústia e o medo do que pode vir depois desta grande catástrofe. Porém existe uma pergunta que circula na minha cabeça como um peixe no oceano: será que vou entrar numa nova era, será que vai afectar a minha geração?

Tenho 15 anos. No fim de 2019 todas as pessoas que me rodeavam estavam fascinadas, alegres e cheias de esperança em relação ao que 2020 lhes poderia trazer. Talvez um ano com melhorias benéficas em todos os aspectos ou até o início de um século diferente que pudesse resolver os problemas que tinham nas suas vidas. Em vez disso, 2020 está a ser o ano mais estranho, mais importante e inesquecível, não pelos melhores motivos, desde o início da minha pequena vida.

Sem dúvida que esta época, diferente do normal, não foi marcada apenas pelo início e a propagação desta pandemia, mas acredito que foi esta que levou ao acontecimento de todos os outros problemas de uma forma indirecta. A defesa extrema de causas como o racismo e a nova normalidade que teve de ser considerada foram alguns dos assuntos que mudaram a minha forma de pensar e a minha vida.

Com o início desta época, e por sua vez de um novo período escolar, não só os alunos como os professores foram “obrigados” a adaptarem-se às novas normas, o que tanto para mim, como para vários alunos, não foi uma tarefa fácil. Mas foi aí que começaram as mudanças na minha vida: a roupa que vestia deixou de ser relevante e, por vezes, quase inexistente; o tempo para pensar excedeu os limites; a actividade física passou a ser menor enquanto a actividade psicológica nunca tinha sido maior. Comecei a acompanhar mais os telejornais e, por sua vez, a ficar mais culto. E se as redes sociais continuaram a ser ainda mais importantes, a leitura também passou a ser um passatempo mais frequente.

Desde a estar confinado em casa sem ter contacto físico com a escola, os professores e os meus amigos até a acordar para ir a uma aula virtual, posso dizer genuinamente que o mundo deu uma grande volta. A meu ver, este período foi uma salvação para os alunos em risco de não transitarem, na medida em que os testes passaram a ter consulta e os alunos menos interessados ou distraídos passaram a ser muito mais difíceis de identificar. Por último, mas não menos importante, tenho plena consciência que tanto o meu percurso escolar, como o de todos os alunos, foi afectado.

Quando falo em mudanças, tenho de realçar as medidas de segurança a que todos fomos sujeitos, como as máscaras que agora raramente ficam esquecidas no carro ou em casa, que a maioria da população mais idosa (e não só) não sabe usar correctamente e que causam tanta indignação às pessoas com mentalidades mais fechadas, aquelas que recusam mudanças, como o distanciamento social ou até a constante desinfecção das mãos.

Com o agravamento desta situação adaptei-me a estar mais tempo em casa, passando até mais de uma semana sem sair para a rua, o que nunca me tinha acontecido antes. Sem dúvida que uma das coisas mais importantes neste confinamento foram os serviços de comunicação social como os jornais online, telejornais, as séries, os filmes, os concertos e as campanhas para ajuda ao combate ao covid-19. Tenho a certeza que foram alguns destes serviços que deram a esperança que tudo iria ficar bem e certamente evitaram problemas mentais.

Uma das situações que me deixa com uma profunda tristeza é o facto de sair para ruas, praias ou locais aparentemente turísticos e vê-los quase à deriva, tal como os restaurantes, as pastelarias e os hotéis. Continuam a sofrer continuamente, afectando logicamente a economia portuguesa e, por sua vez, aumentando o desemprego e os problemas sociais.

Mas... será que vai mudar a minha geração? Começou uma nova era? A minha resposta relativamente à primeira pergunta é que obviamente irá afectar a minha geração, pois por um lado as pessoas que passaram por esta situação tiveram a oportunidade de passar por uma experiência de vida que nenhuma geração alguma vez passou e deu para desmascarar muitos problemas importantes existentes no nosso planeta. Por outro lado, esta crise sanitária causou muitas mortes, mazelas pedológicas, problemas económicos, aumento do sedentarismo e possíveis problemas ambientais. Relativamente à segunda pergunta, temo que comece uma nova era, com uma higiene mais acentuada, uma apreensão ou medo mais presentes e uma sociedade definitivamente mais triste.

No entanto, tenho uma pequena esperança de que tudo volte a ser como antes, de voltar a ver as ruas cheias de turistas, de esperar numa fila para almoçar, de não esconder o meu sorriso, de viver sem apreensão, de ter mais liberdade e que num futuro bem próximo possa ouvir que toda esta situação terminou da melhor forma possível.

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