Macron faz ultimato ao Líbano: ou há reformas em três meses, ou não há apoios

Presidente francês reúne-se com políticos e com a cantora Fairouz, que é dos poucos símbolos libaneses que não é alvo de divisões.

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Macron com representante da ONU e ONG que se mobilizam para a reconstrução do porto de Beirute Reuters/POOL

O Presidente francês, Emmanuel Macron, fez a sua segunda visita ao Líbano desde a explosão no Porto de Beirute que devastou parte da capital, matando mais de 190 pessoas, deixando milhares feridos e outros milhares sem casa, avisando os políticos do país que se não fizerem reformas e mudarem de curso num prazo máximo de três meses, vão enfrentar sanções.

Como parte da visita, além das reuniões com as facções políticas, Macron visitou a cantora Fairouz, que simboliza um raro ponto de concórdia num país tão dividido (e cuja fama transcende o país), e também plantou um cedro (o símbolo do Líbano) numa floresta nos arredores da capital para marcar o centenário da nação. 

Enquanto isso, nas ruas de Beirute havia novos protestos: muitos manifestantes não vêem razões para deixar de protestar depois da nomeação, na segunda-feira, de um diplomata pouco conhecido para chefiar o novo governo, Mustafa Adib, que fora até então embaixador na Alemanha. Antes, Adib foi conselheiro de um bilionário e antigo primeiro-ministro, o que deixou muitos desconfiados de que apenas vai perpetuar o sistema político clientelista.

Mais uma vez, as forças policiais responderam com gás lacrimogéneo. Alguns libaneses ironizam como num país falido e em que falta tanta coisa, ainda não faltou o gás lacrimogéneo.

Macron disse e repetiu que o governo terá um prazo curto, de três meses, para mudar de rumo, e se não o fizer, verá cancelados empréstimos e impostas sanções. Numa entrevista ao site Politico, o Presidente francês também disse que “esta é a última hipótese para este sistema”.

Além de “compromissos credíveis” do próximo executivo, Macron disse que quer ver um mecanismo para se realizarem eleições legislativas dentro de seis meses a um ano.

Caso os novos líderes não mostrem uma mudança de direcção nos próximos três meses, serão impostas “medidas punitivas”, incluindo a retenção de verbas de resgate e sanções aos dirigentes, disse o Presidente francês, que reconheceu estar a fazer no Líbano “uma aposta arriscada”.

Emmanuel Macron está a ser a cara visível da pressão para haver reformas, mas há vários outros poderes com influência no Líbano, desde o Irão, que financia (e controla) o Hezbollah, à Arábia Saudita que, há três anos, reteve (suspeita-se que contra a sua vontade) o então primeiro-ministro Saad Hariri durante uma visita ao país para o pressionar a cortar o poder do Hezbollah.

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