Líder indígena brasileiro Raoni tem covid-19

O cacique Kayapó, que defendeu a causa dos povos nativos internacionalmente, foi internado em Minas Gerais, mas não tem febre. Cerca de 30 mil indígenas contraíram o vírus e mais de 700 morreram desde o início da pandemia no Brasil.

Foto
Reuters/RICARDO MORAES

O líder indígena brasileiro Raoni Metuktire, que se tornou um símbolo da luta pela preservação da floresta amazónica, foi hospitalizado em Mato Grosso nesta segunda-feira com sintomas de pneumonia e teste positivo para o novo coronavírus.

A informação foi divulgada pelo Instituto Raoni, que em nota frisou que o líder indígena Kayapó, que tem 89 anos anos, foi internado após a “constatação de alterações na taxa de leucócitos no sangue e sintomas de pneumonia. Exames específicos realizados - tomografia computadorizada e serologia - confirmaram a covid-19”. Não tem febre e respira normalmente sem a ajuda de oxigénio.

Raoni esteve com vários líderes europeus para denunciar a política ambiental do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que defende a exploração económica, nomeadamente projectos de mineração e agricultura, dentro das terras indígenas na floresta amazónica, ainda que sejam destruídas a cultura e os interesses dos povos originários nestas áreas.

Cerca de 30 mil indígenas contraíram o vírus e mais de 700 morreram desde o início da pandemia, de acordo com dados divulgados pela Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), uma organização sem fins lucrativos.

A4 de Agosto, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) forçou o Governo brasileiro a apresentar em 60 dias um plano para criar barreiras sanitárias que protegessem as comunidades indígenas do país da covid-19.

Raoni faz há vários anos campanha pela protecção das terras indígenas na Amazónia. Um documentário de 1978, Raoni: The Fight for the Amazon, contribuiu para a sua fama, assim como uma tournée, em 1989, com o músico britânico Sting.

O Brasil é o país lusófono mais afectado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de infectados e de mortos (mais de 3,8 milhões de casos e 120.828 óbitos), depois dos Estados Unidos.

Sugerir correcção