Índia acusa exército chinês de “provocações militares” na fronteira

Nova crise entre as duas potências nucleares asiáticas nos Himalaias. Militares vão iniciares conversações para evitar conflito como de Junho.

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Manifestantes queima efígie do Presidente chinês, Xi Jinping, em Junho, depois da morte de 20 soldados indianos nos Himalaias SANJAY BAID/EPA

A Índia acusou o exército chinês de realizar “movimentos militares provocatórios” na fronteira entre os dois países, na região de Ladakh, em “violação” dos acordos estabelecidos depois de um confronto em Junho, a cerca de 4300 metros de altitude, em que morreram pelo menos 20 soldados indianos.

“Na noite de 29 para 30 de Agosto, as tropas do Exército de Libertação do Povo Chinês violaram o consenso alcançado durante as reuniões diplomáticas e militares devido ao confronto em Ladakh”, indicou o Ministério da Defesa indiano em comunicado.

Segundo o Ministério da Defesa indiano, as tropas chinesa “realizaram movimentos militares provocatórios” na área estratégica do lago Pangong, em Ladakh, no oeste dos Himalaias.

Os militares indianos “tomaram medidas para reforçar as posições [da Índia] e impedir as intenções chinesas de alterar unilateralmente a situação no terreno”, acrescentou

Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, declarou que as tropas na fronteira têm observado de forma rigorosa a Linha de Controlo e nunca a cruzaram. “As forças dos ambos os países têm estado em comunicação sobre assuntos territoriais”, disse, citado pela BBC.

As autoridades indianas adiantaram apenas que os dois exércitos estão a realizar uma reunião em Chushul, em território indiano, “para resolver a questão”.

O novo aumento de tensão entre as duas potências nucleares asiáticas surge na sequência do choque fronteiriço de 15 de Junho no vale de Galwan, o pior incidente do género em 45 anos, no qual pelo menos 20 soldados indianos morreram e 76 ficaram feridos. A China não comunicou quaisquer baixas.

Ambos os países se culparam mutuamente pelo confronto. A Índia acusou o vizinho chinês de concentrar tropas e erguer estruturas na área, enquanto a China alegou que as tropas indianas provocaram os seus soldados.

Nova Deli e Pequim continuam sem chegar a acordo num processo de retirada das tropas na região, após várias reuniões entre altos funcionários militares de ambos os exércitos.

Os dois países mantêm uma disputa histórica em relação a várias regiões dos Himalaias.

A China reivindica cerca de 90.000 quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia. Já a Índia diz que a China ocupa 38.000 quilómetros quadrados de território no planalto de Aksai Chin, na região dos Himalaias, uma parte contígua da região de Ladakh.

A Índia declarou unilateralmente Ladakh um território federal em Agosto de 2019. A China foi dos poucos países a condenar fortemente a medida, referindo-a em fóruns internacionais, incluindo no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Segundo a BBC, a construção de uma nova estrada numa região remota e vulnerável ao longo da fronteira em Ladakh, que deverá aumentar a capacidade de movimentar tropas e material militar indiano para a região, em caso de conflito, terá irritado Pequim - e terá sido um factor decisivo para a mais recente crise fronteiriça entre as duas potências asiáticas.

A ONU instou os dois lados a “exercerem máxima contenção”.

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