João Mourão é o novo director do Arquipélago, o centro de arte contemporânea dos Açores

Curador toma posse em Outubro. Luís Silva, com quem dirigia o Kunsthalle Lissabon, mantém-se no espaço lisboeta.

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O centro de artes Arquipélago, na Ribeira Grande José Campos
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João Mourão chegará ao Arquipélago vindo do espaço Kunsthalle Lissabon,João Mourão chegará ao Arquipélago vindo do espaço Kunsthalle Lissabon NUNO FERREIRA SANTOS,NUNO FERREIRA SANTOS

O curador João Mourão será o próximo director do Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, instituição sediada na Ribeira Grande, ilha de São Miguel. O até aqui director do Kunsthalle Lissabon, um dos mais dinâmicos espaços independentes de arte contemporânea em Lisboa, muda-se para os Açores no Outono. Tomará posse a 6 de Outubro, sucedendo no cargo a Fátima Marques Pereira, actual subdirectora da Direcção-Geral do Património Cultural, que abandonou o cargo em Janeiro.

A nomeação, anunciada pelo próprio na sua página no Facebook, foi confirmada ao PÚBLICO pela directora regional de Cultura dos Açores, Susana Goulart Costa, que espera que o novo director seja capaz de desenvolver um “xadrez de parcerias locais, nacionais e internacionais” para este centro de artes que tem um orçamento anual de programação de 170 mil euros. 

O Arquipélago, com os seus mais de 9000 metros quadrados, é um centro multidisciplinar de arte contemporânea com uma dimensão ambiciosa mesmo para cidades como Lisboa ou Porto. Foi inaugurado em 2015 pelo Governo Regional, no ano em que chegaram os voos low cost aos Açores.

João Mourão, seleccionado através de um concurso dirigido unicamente a funcionários públicos (o curador está em regime de licença sem vencimento desde que deixou a direcção das Galerias Municipais de Lisboa), apresentou um projecto que partiu das experiências que tem tido com a região nos últimos anos, nomeadamente com o Festival Walk & Talk.  “O que me interessa ali é como é que nesta região ultraperiférica da União Europeia se pode construir um projecto relevante ao nível local, nacional e internacional. O Arquipélago é um espaço artístico no meio do Atlântico que pode fazer uma ponte muito interessante entre a Europa e a América. Depois temos mais umas quantas outras ligações, se pensarmos na Macaronésia, em Cabo Verde, ou mesmo na Islândia. Podemos trabalhar em geografias que não são as mais pensadas em Portugal.”

O projecto aposta também na formação a nível local através de masterclasses, uma vez que em São Miguel e nas restantes ilhas do arquipélago não existe ensino artístico superior, lembra Mourão. “Alguns artistas açorianos, que fizeram quase toda a sua formação fora, optaram por voltar e estão a formar pequenos grupos e comunidades. Estou a falar do Walk & Talk, mas também do Festival Tremor, bem como de ateliers de artistas que se mudaram para as ilhas e estão a fazer exposições.”

Segundo a directora regional de Cultura, o objectivo com a nova direcção é desenvolver o Arquipélago, potenciando as várias disciplinas do centro de artes e não apenas as artes plásticas. “Fazer um trabalho equilibrado entre o desenvolvimento artístico regional e a potenciação de relações com outros pólos de arte contemporânea do país, que já são muitos e excelentes referências, e também com parcerias internacionais. Esperemos que o novo director consiga articular esta rede.”

Luís Silva, que programa com Mourão o Kunsthalle Lissabon, mantém-se como director do espaço de Xabregas.

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