Líbano: embaixador na Alemanha apontado como próximo primeiro-ministro

Mustapha Adib foi o nome escolhido pelos sunitas e conta com o apoio dos grupos xiitas e do principal movimento cristão maronita. Presidente do Líbano ouve os partidos na segunda-feira, no mesmo dia em que Emmanuel Macron aterra em Beirute, para a segunda segunda visita em menos de um mês.

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Bandeira do Líbano num prédio danificado após a explosão no porto de Beirute LUSA/WAEL HAMZEH

O embaixador libanês na Alemanha, Mustapha Adib, é a escolha do Movimento Futuro, partido sunita do ex-primeiro-ministro Saad al-Hariri  para suceder na liderança do Governo ao demissionário Hassan Diab, que abandonou o cargo na sequência da explosão do porto de Beirute que causou a morte de cerca de 200 pessoas.

Na segunda-feira, o Presidente do Líbano, Michel Aoun, vai começar a ouvir os partidos para nomear um novo primeiro-ministro, que, segundo o sistema político do país, tem de ser um sunita – a liderança do Parlamento é entregue a um xiita e a presidência a um cristão maronita. O candidato que reúna maior apoio entre os partidos é convidado a formar governo.

Segundo a Reuters, os grupos xiitas Hezbollah e Amal e o Movimento Patriótico Livre, cristão maronita, concordaram com a escolha dos sunitas, o que faz com que Mustapha Adib seja o principal favorito a substituir Hassan Diab.

O anterior Governo demitiu-se no passado dia 10 de Agosto, seis dias depois da explosão no porto de Beirute que deixou a capital do país devastada, causando a morte de pelo menos 190 pessoas, enquanto milhares ficaram feridas e outras tantas desalojadas.

Ao apresentar a sua demissão, Hassan Diab, um político que antes de chegar ao poder era considerado independente, sem ligação aos partidos políticos, denunciou a “corrupção sistémica” no Líbano. Antes de sair, juntamente com o Presidente Michel Aoun, prometeu que os responsáveis seriam punidos. A investigação, liderada pelo juiz Fadi Sawan, prossegue.

O início das consultas parlamentares pelo Presidente libanês coincide com uma nova visita do seu homólogo francês, Emmanuel Macron, ao Líbano, que ficará dois dias (segunda e terça-feira) em Beirute, onde se vai reunir com os principais líderes políticos do país. 

Logo após a explosão, o Presidente francês foi a Beirute anunciar o apoio de Paris à sua antiga colónia e pediu mudanças políticas estruturais, num país que tem sido fustigado pela corrupção e que atravessa uma crise económica muito grave, considerado o maior desafio desde o final da Guerra Civil (1975-1990).

O Líbano tenta negociar um pacote de resgate financeiro com o Fundo Monetário Internacional há vários meses, mas as negociações estão num impasse e, este domingo, noticia a Reuters, demitiu-se o terceiro negociador do lado libanês.

Este domingo, o líder do Hezbollah disse que o movimento xiita está disponível para um encontrar uma solução política consensual no país, interpelando directamente Emmanuel Macron.

“Na sua última visita, o Presidente de França pediu um novo contrato político. Nós estamos abertos a qualquer discussão calma para tal, com a condição de que ocorra com o acordo de todas as facções libanesas”, disse Hassan Nasrallah, num discurso televisivo, citado pela Reuters.

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