Uso de máscara será obrigatório para todos os alunos em Espanha

Todos os alunos com seis ou mais anos de idade vão ter de usar máscara. Organização Mundial da Saúde diz que escolas não representam papel central na transmissão do novo coronavírus.

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Preparação do regresso às aulas em Espanha REUTERS/Vincent West

O uso de máscara será obrigatório para todos os alunos em Espanha com seis ou mais anos de idade no arranque do ano escolar, em Setembro, devido ao aumento de casos de covid-19 registados naquele país.

A medida, anunciada esta quinta-feira pelo Governo espanhol, deverá ser adoptada nas 17 comunidades autónomas espanholas, que gerem a área da educação de forma autónoma.

O uso obrigatório de máscaras de protecção individual por todos os alunos do ensino espanhol é uma das várias medidas acordadas durante uma reunião entre as várias comunidades autónomas e representantes do Governo central, nomeadamente com os ministros com a tutela da Educação, Saúde e da Política Territorial. Anteriormente, o uso de máscara era apenas exigido para alunos com 12 ou mais anos de idade em algumas regiões espanholas.

Espaços para socializar

O Governo espanhol também anunciou que a temperatura corporal dos estudantes deverá ser verificada diariamente (seja nos estabelecimentos de ensino ou nas casas dos alunos) e que as salas de aulas irão precisar de uma ventilação frequente e regular.

Outra directriz é que os alunos deverão lavar as mãos pelo menos cinco vezes por dia, bem como cumprir um distanciamento físico de pelo menos 1,5 metros durante as interacções dentro da escola. A criação de espaços específicos e delimitados para os alunos socializarem entre si, sempre com um número limitado de colegas, é outras das medidas.

Esta medida em concreto é encarada pelas autoridades como fundamental para identificar contactos e potenciais contágios, permitindo assim evitar o encerramento total de uma escola e colocar os casos positivos identificados em quarentena. Ou seja, as escolas deverão permanecer abertas mesmo que sejam diagnosticados casos de infecção pelo novo coronavírus entre os seus alunos, docentes e funcionários.

Aliás, o documento governamental divulgado esta quinta-feira frisa que a medida de encerrar escolas nas comunidades espanholas “só será adoptada em situações excepcionais” – leia-se uma transmissão descontrolada do novo coronavírus –, provocadas pelo impacto da actual pandemia, acrescentando que tal situação terá de ser transmitida à tutela e ter o acordo prévio do Conselho Interterritorial do Sistema Nacional de Saúde.

“Os centros educativos permanecerão abertos durante todo o ano lectivo, assegurando os serviços de cantina, bem como o apoio educativo a menores com necessidades especiais ou pertencentes a famílias em situação de vulnerabilidade social, desde que a situação epidemiológica o permita, com base nas indicações das autoridades sanitárias”, enfatizou o documento do executivo.

Tanto os pais como os professores têm expressado preocupação com o arranque do ano escolar em Espanha, país que tem vindo a registar nas últimas semanas um aumento expressivo de novos casos de contágio pelo novo coronavírus em várias regiões do país.

OMS: escolas não têm papel central na transmissão

As escolas não têm um papel central na transmissão do novo coronavírus, apesar de a sua capacidade como propagadoras estar também ligada ao nível de contágio que exista numa comunidade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Até agora, sabemos que o ambiente escolar não é um factor principal na pandemia. Mas cada vez há mais publicações que reforçam a evidência de que as crianças têm um papel na transmissão, ainda que mais vinculado a reuniões sociais”, disse esta quinta-feira o director regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, durante uma conferência de imprensa.

A organização sublinhou que os centros escolares devem aplicar as mesmas medidas gerais de higiene e distância social, mas em função da fase da pandemia em que se encontre a comunidade de que fazem parte devem ser adoptadas “medidas excepcionais”.

“O que sabemos é que não podemos abrir as sociedades sem abrir as escolas primeiro. Este foi o maior transtorno na história da educação, com 1600 milhões de alunos afectados em 190 países”, afirmou Kluge. Dos 55 países que fazem parte da região europeia da OMS, 32 registaram 40 dias seguidos com aumentos de contágios superiores a 10%, mas longe da situação vivida em Março.

“Agora sabemos mais sobre o que funciona, é possível controlar melhor a transmissão do vírus na sociedade. A palavra-chave é vigilância”, sublinhou o director da OMS-Europa. A região vive um momento de transição “complicado” pela coincidência de três acontecimentos: a reabertura das escolas, a época da gripe e o excesso de mortalidade dos idosos que pode ocorrer no Inverno.

Kluge advertiu também os jovens contra a crença de que o vírus não os afectará e recordou que “nada é invencível” e que a covid-19 é como “um tornado”. Hans Kluge disse ainda que os casos entre os jovens podem espalhar-se pelas pessoas mais velhas e mais vulneráveis. “As pessoas mais jovens podem não vir necessariamente a morrer disto, mas é um tornado com um longo rasto e é uma doença multiorgânica”, avisou.

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