Rui Rio pode ganhar!

Ao contrário do PS, entregue a uma nada surda guerra pela sucessão, o PSD é hoje um partido tranquilo.

Pela primeira vez em anos, o PSD tem uma real possibilidade de vencer as autárquicas. O PSD pode ter mais votos, mais mandatos e mais Câmaras e Rui Rio será o protagonista merecido dessa remontada eleitoral. 

Olhemos para as três dinâmicas críticas para a vitória – a interna, a local e a nacional. 

A dinâmica interna. O PSD está, e bem, pacificado desde as diretas de janeiro. E, como não podia deixar de ser, o presidente do partido tem tido toda a amplitude política para implementar a sua agenda. Ao contrário do PS, entregue a uma nada surda guerra pela sucessão, o PSD é hoje um partido tranquilo. 

A dimensão local. A pandemia foi o teste do algodão à capacidade de resposta do poder local. Muitos autarcas sucumbiram. Outros superaram-se. Alguém consegue lembrar-se de algum presidente de câmara socialista que tenha marcado pela diferença, que tenha antecipado riscos e cenários, que tenha ido além do Governo na proteção das suas populações? Eu não consigo recordar nenhum. 

Em sentido contrário, Carlos Carreiras, Salvador Malheiro e Rui Moreira (um independente) estão no grupo dos líderes que deixaram uma marca impressiva, positiva e duradoura nas suas comunidades. Acrescentemos Miguel Albuquerque, no governo regional da Madeira, e compreendemos quão contrastante, pela competência e pela coragem, é a liderança do PSD no poder local e regional. 

O PS tem a vantagem importante de ter vários autarcas no fim de primeiro e segundo mandato. Em politiquês, gente próxima da reeleição. Mas a verdade é que os estrategas socialistas têm muitas razões para estar (e estão) preocupados. Câmaras como Lisboa, Sintra, várias capitais de distrito e centros demográficos importantes estão no lote dos resultados tremidos para os socialistas. Com candidatos fortes, ideias mobilizadoras e alianças certas, o PSD tem condições para virar dezenas de câmaras.

A dimensão nacional. Rui Rio colocou o país acima do partido e teve uma gestão do processo covid que o credibilizou, em sentido contrário António Costa tem acumulado dificuldades. Portugal viu-se enterrado pelo PS na lista de destinos inseguros para viajar e para piorar, o recuo do nosso PIB, é o maior em toda a Europa apenas superado pela Espanha, os ministros sucedem-se em declarações infelizes, desconhece-se o que será o regresso às aulas enfim um sem numero de problemas que António Costa se tem esforçado em resolver sem contudo não deixar de se desgastar, assim evidenciam os últimos números identificados pelas sondagens.

Contudo, se existem as condições necessárias, para a vitória é importante também que se trabalhe para a mesma, o discurso da rentrée politica de Rio será por isso o momento ideal para dar um sinal, sobre qual é a proposta política com que o PSD se propõe mobilizar o país. Que agenda irá defender? Qual é o espaço que uma social-democracia moderna deve ocupar no contexto nacional e europeu? Quais são as prioridades que Portugal deve eleger para ultrapassar os próximos anos? Que escolhas vai Rui Rio fazer para enfrentar o desafio das autárquicas? O país estará atento como há muito tempo não estava. Os portugueses vão querer entender se Rui Rio é o homem que a emergência Social e Económica que se vive (e que se vai viver) em Portugal exige.

Rui Rio e eu divergimos muito, sem que nenhum de nós seja mais social-democrata do que o outro. Registámos, aliás, essas diferenças de opinião num tempo e num lugar próprio. Travámos, separados, a luta por diferentes ideias para o nosso partido e para o país. Travaremos contudo, sempre que possível, o combate pela afirmação de um projeto mobilizador do PSD a favor de Portugal.

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