Parque Natural do Alvão: a paisagem que não existe sem o homem

O Parque Natural do Alvão pode ser o mais pequeno do país, mas a variedade e riqueza que encerra são enormes. A presença do homem moldou-lhe a paisagem e é também a forma como essa presença está a mudar que pode pôr em risco parte do que tem de mais valioso

Ohando as encostas cobertas de pedras arredondadas, espalhadas por todo o lado, Henrique Pereira diz que estamos a entrar na zona do “clube do granito” e que muitas daquelas pedras parecem “esculpidas à mão” e atiradas para ali. “É como o quarto das crianças, com tudo espalhado. Tudo muito mal arrumadinho”, ironiza. Estamos a entrar no Parque Natural do Alvão (PNA), de que o engenheiro zootécnico foi director quando essa função ainda existia e onde assume agora a responsabilidade, do lado do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), de fazer a ponte com os municípios de Vila Real e Mondim de Bastos, no novo método de co-gestão do espaço. Fala sobre o parque natural mais pequeno do país como se fosse a palma das suas mãos, revelando fragilidades e especificidades que, de outro modo, passariam tristemente despercebidas.

O PNA pode ter apenas 7220 hectares - “um décimo do Gerês, um décimo de Montesinho”, desfia o técnico do ICNF -, mas congrega uma diversidade que o torna extraordinário. “A geologia condiciona tudo o que cá temos. Sendo tão pequeno, conseguimos ter uma diversidade geológica que abarca os universos todos: rochas magnéticas e xisto do outro lado e a cerejinha em cima do bolo - rochas metamórficas que resultam de fenómenos geológicos violentíssimos”, sintetiza. É nessa cerejinha que se incluem as Fisgas de Ermelo, a razão primeira para a criação do parque, em 1983, e a sua principal atracção. Mas quem se dirigir apenas aí, não sabe o que perde.

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