Líbano: "Quando é que o trauma me vai tocar a mim?"

Josephine Abou Ando é designer e voluntária num centro que presta assistência às vítimas das explosões no Líbano. Acredita que o trauma e a experiência que viveram vai ter um impacto na saúde mental de todos. Estranha por isso não ter pesadelos à noite e conseguir dormir. "Como?Quando é que o trauma me vai tocar a mim?"

As explosões que atingiram o porto de Beirute a 4 de Agosto causaram pelo menos 154 mortos e cerca de seis mil feridos. Mas os danos não foram só físicos. Logo após a violenta explosão, Mazen Othman pensou que tinha perdido os seus filhos. Gravemente ferido, correu freneticamente entre o fumo e os escombros, encontrando os quatro filhos a salvo, mas perturbados.

Pela primeira vez na vida, Othman disse ter recorrido a medicamentos para "acalmar os nervos". Muitos estão a lidar com os seus próprios traumas e não sabem como ajudar os filhos, explicou Ola Khodor, uma psicóloga infantil de 25 anos.

"Toda a gente sofreu o trauma de alguma maneira. Algumas pessoas querem falar sobre isso, outras não", disse à Reuters a psicóloga libanesa. “A maioria dos que nos procuram diz que não consegue dormir à noite, que tem medo de apagar as luzes à noite, que tem medo de sair sozinha porque tem medo de outra explosão”.

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