Surto de Mora alvo de inquérito do Ministério Público

Inquérito da PGR visa “uma situação concreta relacionada com o surto”, mas o Ministério Público indica que vão ser investigados todos os factos que indiciem “a prática de crime”.

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As ruas vazias de Mora, em Évora Rui Gaudencio

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou esta sexta-feira ao PÚBLICO a abertura de um inquérito ao surto de covid-19 na vila de Mora, em Évora, que até agora já contabiliza 54 casos, quatro deles identificados nas últimas 24 horas.

O inquérito instaurado “tem por objecto uma situação concreta relacionada com o surto de Mora, no âmbito do qual não deixarão de ser investigados todos os factos que chegarem ao conhecimento do Ministério Público e que sejam susceptíveis de integrarem a prática de crime”, segundo fonte da PGR, acrescentando que é “dirigido pelo Ministério Público do DIAP de Évora”.

O início do surto de Mora ainda não foi identificado pelas autoridades de saúde, e a PGR não confirmou se o inquérito está relacionado com o casal de moradores reformados que alguns habitantes locais indicam poder ser os “pacientes zero” do surto na vila. O casal foi passar uns dias a Espanha e os dois continuaram a sua vida normal quando regressaram a Mora, apesar de se sentirem adoentados, tendo depois seguido para o Algarve, onde ainda se encontram.

Também se suspeita que este evento esteja ligado ao surto no concelho vizinho de Montemor-o-Novo, que até esta sexta-feira contabiliza 30 casos, mas essa ligação “ainda está em investigação”, segundo a Direcção-Geral da Saúde.

Dos 54 infectados em Mora identificados até esta sexta-feira, cinco estão internados no Hospital de Évora, quatro em unidades de cuidados intensivos. Já de Montemor-o-Novo há registo de dois internamentos, um deles a requerer mais cuidados.

O presidente da Câmara de Mora, Luís Simão, afirmou esta sexta-feira que não tem conhecimento da abertura do inquérito ao surto, mas pediu que as responsabilidades sejam apuradas.

“Se abriu [um inquérito] e se houver alguém que se tenha comportado menos bem, que seja responsabilizado e sofra as consequências de um acto que não foi o mais adequado no momento em que vivemos. Se assim foi, que se apurem responsabilidades”, disse Luís Simão, em declarações à agência Lusa, indicando que não pode acrescentar mais nada sobre a instauração do inquérito.

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