Williams assume o fim de uma era em nome da sobrevivência

Escuderia britânica anunciou a venda a um fundo norte-americano para tentar suster a espiral de queda que tem vivido.

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LUSA/ALEJANDRO GARCIA / POOL

Sete pontos no Mundial de construtores de 2018 — só a Force India fez pior, mas com a agravante de ter realizado apenas 12 dos 21 Grandes Prémios previstos —, um mísero ponto em 2019. Os últimos anos da Williams-Mercedes foram de rotundo fracasso, numa espiral de declínio que se traduziu em quebra de receitas e dificuldades de financiamento. Nesta sexta-feira, a emblemática escuderia britânica, de base familiar, anunciou uma mudança drástica de rumo: a venda ao fundo norte-americano de investimento Dorilton Capital. 

O cenário já estava a ser preparado há meses e, em Maio, a equipa revelou que estava a estudar a venda parcial ou total dos direitos sobre uma das marcas históricas do pelotão. A corrente temporada só veio confirmar a incapacidade para suster a queda, com seis corridas até à data e zero pontos amealhados com as performances do canadiano Nicholas Lafiti e do inglês George Russell.

A dupla de pilotos, porém, será mais vítima do que ré neste julgamento de âmbito desportivo. O fosso tecnológico face à concorrência só parecia aumentar, pelo que esta operação “bem-sucedida” é vista, mais do que como último recurso, como uma tábua de salvação.

“O nosso plano estratégico foi um processo útil e provou que tanto a Fórmula 1 como a Williams têm credibilidade e valor. Estamos encantados que a Dorilton seja o novo dono da equipa, porque queríamos um parceiro que partilhasse a nossa paixão e os nossos valores, que reconhecesse o potencial da equipa e conseguisse desbloquear o seu poder”, resumiu Claire Williams, directora da escuderia e o seu rosto mais visível nos últimos anos.

Até ver, são poucos os detalhes sobre as alterações a introduzir no funcionamento da Williams, mas o comunicado emitido nesta sexta-feira deixa a garantia de que não há planos para mudar o nome da equipa ou o chassis: “O novo proprietário reconhece a importância de respeitar e manter a herança Williams”, explica.

E quem é, em bom rigor, o novo proprietário? A Dorilton Capital é uma firma de investimento privado com sede em Nova Iorque, que tem interesses nos sectores da saúde, da engenharia e da indústria. Um fundo que a família Williams — incluindo o fundador da escuderia, Sir Frank, hoje com 78 anos — acredita que será capaz de assegurar o “sucesso da equipa a longo prazo”.

Nas palavras de Matthew Savage, chairman da Dorilton Capital, o perfil de investidor da companhia (“flexível e paciente”) vai contribuir para uma aproximação da Williams à parte da frente da grelha: “Estamos ansiosos por começar a trabalhar com a Williams, com um rigoroso plano de negócios, que defina as áreas nas quais deveremos investir”. 

A base da escuderia, em Grove, Oxfordshire, também será mantida, acreditando-se que a prazo Lafiti e Russell (ou os seus sucessores) farão um upgrade nos rivais com os quais concorrem actualmente, a Haas e a Alfa Romeo. “Este pode ser o fim de uma era para a Williams enquanto empresa familiar, mas a venda garante a sobrevivência da equipa e, acima de tudo, traça um caminho para o sucesso”, considera Claire.

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