Vinte milhões para “vacinação progressiva, universal e gratuita” contra a covid-19

Conselho de Ministros já aprovou “investimento de 20 milhões de euros” para aquisição de vacinas no âmbito da União Europeia. “Vamos ter que viver com a covid-19. Não vamos poder voltar a encerrar como fizemos em Março”, afirma o primeiro-ministro.

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António Costa, primeiro-ministro LUSA/RUI MANUEL FARINHA / LUSA

O primeiro-ministro promete que a vacinação contra a covid-19 em Portugal será feita de forma “progressiva, universal e gratuita”. No final de uma visita ao Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho para inaugurar o novo Serviço de Internamento, António Costa anunciou que o Conselho de Ministros electrónico aprovou, esta quinta-feira, a “autorização para o investimento de 20 milhões de euros” que permite a Portugal participar da primeira fase de investigação de vacinas para a covid-19, que está a ser financiada pela Comissão Europeia.

Com esta participação na primeira fase da investigação, Portugal assegurou uma quota de 6,9 milhões de vacinas, que a UE já estabeleceu para Portugal, ainda que seja muito prematuro saber quando é que as vacinas estarão disponíveis.

Os contratos com seis laboratórios farmacêuticos que investigam a descoberta de uma vacina para a covid-19 estão a ser negociados pela União Europeia, e Portugal, ao participar nesta primeira fase, assegurou que será dos Estados-membros a receber as vacinas quando elas existirem, explicou ao PÚBLICO um membro de um gabinete governamental.

Foram já estabelecidos pela Comissão Europeia acordos com três laboratórios: o Sanofi-GSK, em 31 de Julho, o Johnson & Johnson, a 13 de Agosto, e o AstraZeneca, a 14 de Agosto. Decorrem neste momento negociações entre a Comissão Europeia e o laboratório alemão CureVac.

De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, foi aprovada uma “autorização para o investimento de 20 milhões de euros em contratos a celebrar para a aquisição de vacinas contra a covid-19”. Esta decisão integra-se “no âmbito do procedimento europeu centralizado”, em que cada um dos Estados-membros da União Europeia tem o “direito de aquisição de uma quantidade determinada de vacinas” contra a covid-19.

“Os optimistas acreditam que no final deste ano poderá estar disponível o primeiro lote”, afirmou o primeiro-ministro, acrescentando que cabe à Direcção-Geral de Saúde definir os critérios que serão utilizados para essa “vacinação progressiva, universal e gratuita”. 

“Até haver uma imunização geral da população ou tratamento eficaz, temos de estar preparados para o pior”, sublinhou António Costa, enaltecendo a inauguração do novo serviço de internamento, a que chamou a “fase B” da resposta daquela unidade de saúde e o arranque da “fase C”, que será a nova unidade de cuidados intensivos que deverá estar concluída em Novembro.

O primeiro-ministro voltou a insistir na ideia de que o país não aguenta um novo confinamento e que “o ano lectivo não vai poder ser com as escolas totalmente fechadas”. 

“Vamos ter de viver com a covid-19”, avisou, acrescentando: “Temos de nos preparar para o Outono/Inverno com a consciência de que não vamos poder voltar a encerrar totalmente como fizemos em Março, porque estão milhares de empregos e empresas em risco.” 

António Costa considera que o país está hoje mais bem preparado do que em Março. “Lavamos mais vezes as mãos, usamos máscaras e desinfectantes”, garantindo que vai continuar a “robustecer o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para responder ainda melhor” à pandemia.

“É preciso que os portugueses tenham essa confiança de que o SNS está preparado e a reforçar-se”, disse, dando como exemplo a melhoria dos serviços de internamento e cuidados intensivos do hospital que visitava.

Com Sofia Correia Baptista

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