DGS pretende ter dois milhões de pessoas vacinadas contra a gripe antes do Inverno

Calendário de vacinação será definido pelos prazos de entregas das vacinas contra a gripe. Direcção-Geral da Saúde pondera criar “campanhas especiais de vacinação” para acelerar o processo.

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A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, durante a conferência de imprensa sobre o novo coronavírus TIAGO PETINGA/LUSA

O plano e calendário de vacinação contra a gripe este ano vai ser “um bocadinho diferente”, mas o objectivo da Direcção-Geral da Saúde (DGS) é ter dois milhões de pessoas vacinadas contra a gripe antes do Inverno, revelou esta quarta-feira a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, na conferência de imprensa de actualização da situação da pandemia de covid-19 em Portugal.

“A data da vacinação [contra a gripe] costuma ser 15 de Outubro habitualmente, em anos normais. Este ano vai ser um bocadinho diferente e quem vai determinar o calendário são os prazos de entregas”, afirmou Graça Freitas em resposta a uma pergunta do PÚBLICO. A directora-geral da Saúde explicou ainda que “há duas firmas” encarregues de entregar as vacinas contra a gripe em Portugal e que as vacinas “não chegam todas no mesmo dia”. As vacinas vão chegar em tranches, ou seja, em lotes, sendo que “a primeira tranche será de mais de 300 mil doses que chegarão nos primeiros dias de Outubro”. “Depois têm que ser desalfandegadas e há toda a tramitação que nós vamos tentar acelerar com as firmas e com o Infarmed”, acrescentou a directora-geral da Saúde.

“O mais rápido que nós conseguirmos distribuiremos por todas as unidades de saúde do Serviço Nacional de Saúde, no sentido de fazer aquilo que já tínhamos anunciado que é prioritariamente vacinar as pessoas dos lares e os profissionais de saúde e todos os profissionais que prestam cuidados a populações vulneráveis”, referiu Graça Freitas, Posteriormente, “à medida que forem chegando as tranches, vamos fazendo vacinação intensiva”, acrescentou.

A directora-geral da Saúde anunciou ainda que está a ser ponderada excepcionalmente, caso seja necessário, a criação de “campanhas especiais de vacinação para acelerar o processo”. “Se quisermos rapidamente escoar todas as vacinas e chegar ao início do Inverno com toda a gente vacinada pode ser necessário criar estruturas próprias e uma espécie de campanha, criar pavilhões com as câmaras municipais, com outras estruturas, com os Agrupamentos de Centros de Saúde dedicados exclusivamente à vacinação da gripe. Fá-lo-emos se for considerado necessário”, afirmou, destacando que está em curso, neste momento, um processo de consulta com as administrações regionais de saúde para avaliar a pertinência de criar estas estruturas excepcionais para acelerar a vacinação contra a gripe”.

O objectivo é que quando as doses cheguem a Portugal, sejam rapidamente administradas, sendo que “obviamente primeiro estão os grupos de maior risco”. “Esta é a estratégia que nós temos montada para rapidamente imunizarmos dois milhões de pessoas contra a gripe”, concluiu Graça Freitas.

Vacinação contra a gripe deve ser feita “de forma precoce e intensiva"

O plano de vacinação contra a gripe tem vindo a ser elaborado já há muitos meses pelo Ministério da Saúde, pela DGS e pelos seus parceiros da área da saúde, até porque há medidas que se têm que tomar com muita antecedência, explicou a directora-geral da Saúde, sublinhando que a primeira medida de todas da preparação do plano de Inverno com covid e sem covid é que a vacinação contra a gripe seja feita de uma forma precoce e intensiva, disse.

Estamos na fase de o tornar mais robusto, mais complexo. Muitas medidas preparatórias já foram tomadas, porque implicam orçamentos e a preparação de estruturas e uma série de coisas. Mas, neste momento, estamos a consolidar o plano, afirmou Graça Freitas, durante a conferência de imprensa, acrescentando que foram consultadas todas as instituições centrais do Ministério da Saúde, as respectivas Administrações Regionais de Saúde e que os departamentos de saúde pública também serão consultados.

A directora-geral da Saúde referiu que realizou-se, na sexta-feira, uma reunião de peritos e especialistas em diferentes áreas no Infarmed, na qual foram abordadas várias facetas do Inverno, entre as quais a situação da covid, de todas as outras situações de saúde não-covid e a covid integrada numa coisa muito mais vasta que se chamam sintomas respiratórios agudos.

Vamos ter no próximo Inverno muita gente com sintomatologia respiratória aguda causada pelo vírus SARS-CoV-2, pelo vírus da gripe, por outros vírus respiratórios e ainda por descompensação possível de patologia crónica, nomeadamente insuficiência cardíaca ou respiratória. O grande desafio vai ser, perante alguém que tem um sintoma respiratório agudo, fazer um diagnóstico diferencial”, salientou.

Graça Freitas revelou ainda que, esta quinta-feira, haverá uma reunião entre o Ministério da Saúde, a DGS e as ordens profissionais para tornar este plano mais denso, robusto e mais abrangente. É nesse ponto que estamos do plano de preparação do Inverno, sendo que houve medidas que já foram tomadas há alguns meses, nomeadamente a compra dos dois milhões de doses de vacinas para a gripe, destacou.

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