Produção de pêra com quebra de 35% este ano

Diminuição equivalente a mais de um terço da produção ocorre numa das campanhas mais fracas dos últimos 20 anos, avisa o INE nas previsões agrícolas. No tomate e arroz, a produtividade também será menor que nas campanhas anteriores.

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pp paulo pimenta

A confirmar-se a previsão, haverá menos produção nacional na fruteira este ano. O Instituto Nacional de Estatística, que esta quarta-feira fez a última actualização das previsões agrícolas para as campanhas a decorrer, aponta para uma quebra de 35% na produção de peras, de 30% nos pêssegos e de 20% nas maçãs. Só na uva de mesa antecipa o INE um aumento.

“As previsões agrícolas, em 31 de Julho, apontam para a diminuição da produtividade nos frutos frescos e na vinha”, avançou o INE nas últimas previsões agrícolas, publicadas esta quarta-feira, 19 de Agosto.

Segundo o INE, estão previstas “reduções de 35% na pêra”, que “será das menos produtivas campanhas das últimas duas décadas”, frisa, de “30% no pêssego, 20% na maçã e 5% na uva para a produção de vinho”. Na amêndoa, “espera-se uma diminuição da produtividade da ordem dos 5%”.

Na maçã, o INE explica que a “produtividade de 19,5 toneladas por hectare” prevista para a actual campanha, corresponde também a uma diminuição “de 8% face à média dos últimos cinco anos”.

“Fenómenos meteorológicos extremos como granizo ou temperaturas muito elevadas” são alguns dos problemas, que tem origens distintas e foram mais graves “nos pomares de macieiras de Trás-os-Montes (responsáveis por 44% da produção nacional de maçã do último quinquénio)”.

No pêssego, as perspectivas iniciais de uma campanha “com qualidade e quantidades aceitáveis” não se confirmaram “essencialmente devido ao forte temporal que fustigou o interior Centro na tarde do último dia de Maio”, e com o granizo a afectar muitos frutos.

Adianta o INE que “a alternativa de desvio para a agro-indústria apenas surgiu a partir da primeira semana de Julho, altura em que as fábricas de transformação começaram a receber matéria-prima, sendo que muita da fruta apanhada até essa altura, depois de separada da que tinha condições para consumo em fresco, teve de ser destruída”.

Nas vinhas para vinho, as previsões “apontam para uma menor produtividade (com diminuições entre 20% e  30%) no  interior Norte e Centro,  e  manutenção  ou  ligeiros aumentos  nas  restantes  regiões”, que resultará, estima o INE, numa  “diminuição [global] de 5% no rendimento unitário, face à vindima anterior”.

Em sentido contrário, na uva de mesa,  “prevê-se  um  aumento  de  5%  na  produtividade,  para  valores  próximos  das  nove  toneladas  por hectare”, salienta o instituto estatístico nacional.

No tomate para a indústria – em que Portugal é exportador de relevo – “as perspectivas apontam para um rendimento unitário de 88 toneladas  por  hectare”,  em  linha  com  a  média  quinquenal de 2015 a 2019. Mas face à campanha anterior, em que o INE recorda se ter registado “a maior produtividade das últimas três décadas”, o desempenho previsto para esta campanha fica 10% abaixo do alcançado em 2019.

No arroz, “devido às obras de reabilitação do aproveitamento hidroagrícola do  Vale  do  Sado”, o INE estima  que  “cerca  de  3000  hectares  de  canteiros  ficaram  por  semear” no Alentejo. Em algumas zonas da Península de Setúbal, “devido à escassez de água, não tem sido possível assegurar o alagamento dos canteiros” num mês de Julho que, sublinha o INE “foi o mais quente desde 1931” em Portugal.

Situações que irão contribuir para a previsão de “diminuição global da produtividade de  5%  face  a  2019,  para  as 5,1 toneladas por hectare, resultado significativamente inferior à média dos últimos cinco anos (cerca de 5,8 toneladas por hectare)”.

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