Sudão confirma estar a negociar normalização de relações com Israel

O governo de transição sudanês estará interessado em rever as suas relações com Israel para ver levantadas as sanções económicas de que ainda é alvo. Outros países do Golfo podem abrir vias diplomáticas com o Estado hebraico.

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Manifestação em Cartum, que marca aniversário do acordo para um governo de transição, a exigir que promessas da revolução sejam cumpridas Reuters/MOHAMED NURELDIN ABDALLAH

O Sudão espera poder normalizar em breve relações diplomáticas com o Estado judaico, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, e confirmou o general Haidar Badawi Sadiq, líder do Conselho de Soberania Sudanês, à Sky News Arabia.

Sadiq não negou os contactos entre as duas diplomacias, e disse não existir motivo para a continuação da hostilidade entre os dois países. Um eventual acordo deveria salvaguardar os interesses do Sudão sem pôr em causa os seus princípios, acrescentou, citado pelo jornal israelita Haaretz.

Se o Sudão for o país que se segue aos Emirados Árabes Unidos a normalizar relações com Israel – o primeiro país do Golfo Pérsico a fazê-lo, num acordo patrocinado pela Administração Trump, anunciado na semana passada – isso tem um valor simbólico importante, pois foi na sua capital que foi assinada a Resolução de Cartum, em 1967. A 1 de Setembro de 1967, foi redigida no fim da reunião da Liga Árabe após a Guerra dos Seis Dias, e apelava a um estado de beligerância permanente das nações árabes contra Israel.

A resolução ficou célebre pelos três nãos: “Não à paz com Israel, não ao reconhecimento de Israel, não às negociações com Israel”.

Agora, dizem peritos citados pelo Haaretz, no Sudão pós-queda do regime de Omar al-Bashir, no ano passado, o governo de transição estará interessado em rever as suas relações com Israel para ver levantadas as sanções económicas de que ainda é alvo.

Mas outros países árabes podem estar na fila para se juntarem aos Emirados e, aparentemente, ao Sudão, para normalizar relações com Israel. O Bahrein e Omã podem ser as próximas nações do Golfo Pérsico a fazê-lo, disse o ministro responsável pelos serviços de espionagem de Israel, Eli Cohen, à Rádio do Exército, no domingo, onde sugeria já que o Sudão podia ser um dos “países muçulmanos em África” interessados em dar o mesmo passo.

Israel assinou acordos de paz com o Egipto em 1978 e com a Jordânia em 1994. Mas não tinha, até agora, relações diplomáticas ou económicas formais com outros países árabes, ou muçulmanos. Daí a importância do passo dado com os Emirados Árabes Unidos e, a confirmar-se com o Sudão e, eventualmente, outras nações.

Tanto o Bahrein como Omã elogiaram o acordo de Israel com os Emirados, mas nenhum comentou sobre as suas próprias perspectivas de normalizarem relações com Telavive.

Marrocos, Arábia Saudita e Qatar são outros países que o jornal Jerusalem Post identifica como potencialmente interessados em estabelecer relações diplomáticas normais com Israel, agora que o caminho foi desbravado pelos Emirados.

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