City de Guardiola não resistiu ao charme de Cornet e Dembélé

Uma década depois, o Lyon regressa a uma meia-final da Liga dos Campeões — exclusivamente franco-alemã —, na qual encontrará o Bayern, formando com o PSG a primeira dupla francesa nesta fase.

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Dembélé celebra o primeiro golo no jogo, o segundo do Lyon Reuters/POOL
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O Lyon provou à saciedade a tese de Pep Guardiola sobre a susceptibilidade dos favoritos em eliminatórias de um só jogo. O Manchester City não conseguiu imitar o PSG (perdeu por 1-3) e voltou a falhar a passagem a uma meia-final da Champions, ficando-se pelos quartos-de-final pelo terceiro ano consecutivo e deixando um vazio difícil de colmatar nas ambições dos donos dos “citizens”. Sem clubes ingleses e espanhóis em campo, a final de Lisboa terá sotaque francês e/ou alemão. 

Nem mesmo o imparável Bayern Munique poderá descansar frente a um Lyon que, pé ante pé, vai fazendo vítimas entre os colossos, em busca da presença europeia perdida na Liga deste ano. Já o City, apesar de enfrentar um Lyon vocacionado para um jogo eminentemente especulativo, com uma forte organização defensiva e intérpretes especializados no aproveitamento do menor deslize contrário, Pep Guardiola optou por um “onze” sem Bernardo Silva, com três defesas na fase de construção e João Cancelo mais adiantado, na esquerda, confiando o ataque a Sterling e a Gabriel Jesus, que não passavam de espectros para um De Bruyne estranhamente desligado. 

Aouar era uma preocupação óbvia dos ingleses, mas, tal como Diego Simeone fizera em relação a João Félix, no RB Leipzig-Atlético de Madrid, Guardiola preferiu reservar a criatividade de Bernardo Silva para uma fase mais adiantada do duelo com os franceses. Só que, desde o primeiro minuto, o Manchester City deixou bem claro que o sucesso na noite de Alvalade dependia precisamente de alguém com arte para desbloquear o dispositivo montado por Rudi Garcia. Tarefa posteriormente confiada a Mahrez, chamado perto da primeira hora de jogo.

Entretanto, Sterling ia promovendo os raros desequilíbrios, mas num pormenor, com Kyle Walker a deixar Toko Ekambi em posição regular, o Lyon feria os “citizens”.  

Aproveitando o espaço deixado pela subida em bloco do Manchester City, o Lyon chegou à vantagem com um golo do inevitável Maxwel Cornet (24’), graças a uma segunda bola preciosa para os franceses. O médio costa-marfinense — que na edição anterior assinou três dos quatro golos com que o Lyon se impôs ao City, na fase de grupos — beneficiou do facto de  Aouar atrair as atenções na direita e ainda de o ex-Benfica Marçal ter colocado a bola no espaço, para Ekambi, explorando o ligeiro adiantamento do jovem Eric García, de 19 anos, a grande surpresa reservada por Pep Guardiola para este jogo. García ainda conseguiu recuperar e desarmar o camaronês, mas nada podia fazer perante Cornet, que colocou a bola fora do alcance de Ederson.

O Manchester City começava a perceber a frustração experimentada pela Juventus nos oitavos-de-final perante o pragmatismo de um Lyon que não vencia qualquer partida oficial desde 1 de Março, tendo averbado três derrotas e um empate com o PSG, na final da Taça da Liga, que o Lyon perderia nos penáltis. 

A entrada de Mahrez despertou o ataque e libertou De Bruyne para o golo do empate (69’), alcançado numa triangulação entre o argelino, Sterling e o belga, que finalizou de primeira. Mas quando o City — que não perdera qualquer jogo nesta edição da Champions — parecia refeito do susto inicial, Walker cometeu um penálti que o VAR perdoou. Quem não perdoou foi Moussa Dembélé, que, quatro minutos após render Depay, recolocou os franceses no comando (79’), sem que o VAR pudesse desfazer a vantagem. 

O mesmo Dembélé acabaria por desferir o golpe de misericórdia oito minutos depois, confirmando a tendência da actual edição da Champions para os outsiders (o mesmo aconteceu com o RB Leipzig) seguirem em frente. As meias-finais, essas, serão uma cimeira franco-alemã.

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