Leixões, um porto seguro

Para além de lamentarmos o sucedido, perante o choque do momento, é importante referenciar que os portos marítimos regem-se por rigorosas normas e planos de segurança internacionais, a nível da fiscalização, controlo e regulamentação da atividade nas suas estruturas.

Beirute deixou de ser, depois do impacto de um brutal acontecimento, uma mera interrogação, para esmiuçar a confirmação de uma incerteza quase certa. O mundo mudou e estamos no limbo mais inconstante entre a segurança dos avanços tecnológicos e a vulnerabilidade da nossa própria capacidade de evolução. Assumidamente um paradoxo estranho e inquietante, mas tão real quanto o que este tipo de acontecimentos nos faz despertar.

Por entre dúvidas relativas à origem do rastilho, que se revelou capaz de, em segundos, comprometer um cenário aparentemente intocável, importa, tal como possivelmente já o deveríamos ter feito noutras ocasiões, refletir sobre a forma como a civilização acompanha o crescimento e as organizações preparam a sua atividade, de acordo com normativos legais, mesmo que isso implique um esforço adicional de recursos.

Falar sobre hipotética negligência ou dolo numa fase tão prematura será incorrer no mesmo erro que nos leva, em invariáveis situações, a distrair-nos do essencial e a descurarmos as nossas responsabilidades. Razão haverá para o que aconteceu e não se esperará outra intenção senão a verificação dos factos, tal e qual são, e a sua respetiva responsabilização.

Para além de lamentarmos o sucedido, perante o choque do momento, é importante referenciar que os portos marítimos regem-se por rigorosas normas e planos de segurança internacionais, a nível da fiscalização, controlo e regulamentação da atividade nas suas estruturas, que colocam em causa, desde logo, a normalidade das ocorrências de Beirute.

A planificação que imprimimos na APDL é absolutamente meticulosa e obedece a um sistema amplamente organizado e eficaz, numa aposta da qual não abdicamos, face à dimensão e categorização das mercadorias que circulam no seu interior. É imprescindível manter a segurança dos nossos colaboradores e de toda a população que nos rodeia. Não conceberíamos outra hipótese, senão a total garantia securitária do serviço que prestamos.

Apela-se, portanto, à responsabilidade de quem tem competência para gerir estas e outras entidades, que carregam em si os motores de setores estratégicos da economia e que não podem, em momento algum e por força de outros circunstâncias, comprometer o território que os acolheu e acolhe diariamente.

Neste caso em concreto, colocar-se-ão dois desafios tremendos: por um lado, será necessário dar a mão a uma comunidade que viu o sonho de gerações ruir perante a riqueza da sua própria face, numa reconstrução previsivelmente lenta e dolorosa e, por outro, porque inevitavelmente aquilo que assistimos, bom ou mau, deve servir de exemplo, convida-se a um debate pautado pela seriedade sobre uma página negra da história internacional, para definitivamente dizermos presente e encontrarmos soluções comuns capazes de mobilizar a responsabilidade e coerência na gestão empresarial de grande dimensão.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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