No mundo, 43% das escolas não têm condições de higiene que garantam reabertura segura

Cerca de duas em cada cinco escolas não têm acesso a água e sabão para lavar as mãos, medida de protecção essencial contra a covid-19.

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São 818 milhões as crianças sem condições básicas de higiene nas escolas Reuters/JOSE LUIS GONZALEZ

Mais de 40% das escolas no mundo não têm acesso a condições básicas de higiene como água para lavar as mãos e sabão, aumentando os riscos de reabertura no contexto da pandemia de covid-19, alertam a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Unicef.

O programa de monitorização conjunto das duas agências das Nações Unidas, a Unicef e a OMS, revela que 43% das escolas em todo o mundo, cerca de duas em cada cinco, não têm acesso a condições de higiene básicas como água e sabão para lavar as mãos, uma medida de protecção contra a covid-19 considerada essencial para uma reabertura das escolas em segurança no contexto da pandemia.

Em comunicado conjunto das duas organizações, a directora executiva da Unicef, Henrietta Fore, aponta o “desafio sem precedentes” à educação e bem-estar das crianças colocado pelo encerramento das escolas em todo o mundo e defende que “é preciso dar prioridade à educação das crianças”, o que significa “garantir que as escolas têm segurança para reabrir, incluindo o acesso a condições de higiene das mãos, água potável para beber e condições sanitárias seguras”.

Estes três indicadores são particularmente frágeis em África, onde se encontra um terço das crianças sem condições básicas de higiene nas escolas – 295 milhões de crianças, de acordo com os dados das duas agências da ONU. Em termos globais são 818 milhões de crianças que se encontram nessa situação, colocando-as numa situação de risco acrescido de infecção por covid-19 e outras doenças transmissíveis.

Cerca de 355 milhões de crianças frequentam escolas onde está disponível água mas não sabão, e 462 milhões de crianças estudam em estabelecimentos sem acesso a água para lavagem das mãos. Nos países menos desenvolvidos, sete em cada dez escolas não têm condições básicas de higiene das mãos e em metade das escolas faltam condições de saneamento e de acesso à água.

O relatório da OMS e da Unicef destaca que os governos têm de encontrar um equilíbrio na aplicação de medidas de saúde pública e os impactos económicos e sociais de medidas de confinamento devido à pandemia, acrescentando que estão “bem documentados” os “impactos negativos do encerramento de escolas na segurança, bem-estar e aprendizagem das crianças”.

“O acesso a água, saneamento e condições de higiene é essencial para uma prevenção eficaz da infecção em todos os locais, incluindo nas escolas”, defende Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da OMS, acrescentando que a reabertura segura das escolas deve ser “uma grande prioridade das estratégias governamentais”.

Nos países para os quais existem dados no que diz respeito a higienização das mãos, os países com condições mais deficitárias nas escolas encontram-se maioritariamente na África subsariana, no sul da Ásia e na América do Sul, entre os quais se encontram o Brasil e a Índia, ambos com uma cobertura entre 51% e 75% das escolas no seu território com condições de higiene básicas.

As Nações Unidas emitiram linhas orientadoras para uma reabertura segura das escolas, que incluem várias medidas relacionadas com a lavagem das mãos, utilização de equipamento de protecção pessoal, limpeza e desinfecção, assim como garantir acesso a água potável e pontos de lavagem de mãos com água e sabão e instalações sanitárias seguras.

O comunicado das duas agências da ONU recorda ainda a iniciativa conjunta “Higiene das Mãos para todos”, que pretende garantir equidade no acesso a condições de higiene no mundo, focando-se nas comunidades mais vulneráveis, procurando garantir meios de protecção com a colaboração de parceiros, governos, sector público e privado e sociedade civil para assegurar produtos e serviços de custo acessível disponíveis nas áreas menos privilegiadas.

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