Após anos de degradação, Mosteiro de Rendufe deve estar totalmente requalificado em 2025

Conjunto beneditino dos séculos XVII e XVIII vai ser concessionado para exploração turística por concurso público, e tanto a câmara de Amares, como a DRCN crêem que a requalificação vai estar concluída daqui a cinco anos. Imóvel em causa deteriorou-se entre 1975 e 2012, data em que foi comprado pelo Estado.

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HUGO DELGADO / PUBLICO

Ladeado por vinhas e por um aqueduto em pleno Minho, o Mosteiro de Santo André de Rendufe pode estar totalmente requalificado em 2025. O conjunto a sudoeste da igreja, edificado nos séculos XVII e XVIII, está degradado, mas pode ganhar nova vida graças ao turismo, através do programa Revive, apresentado pelo Governo em 2016. O Instituto de Turismo de Portugal lançou, na segunda-feira, em Diário da República, o concurso público para a concessão da exploração do imóvel como “estabelecimento hoteleiro”, e o presidente da Câmara Municipal de Amares crê que a requalificação necessária a esse fim pode estar concluída daqui a cinco anos. “No caderno de encargos, está previsto que a intervenção dure quatro anos. A nossa ideia é ter o contrato de concessão assinado até ao final do ano para arrancarmos com o projecto em 2021”, diz Manuel Moreira, ao PÚBLICO. 

O director regional de Cultura do Norte, António Ponte, também considera 2025 uma “meta viável”, já que a intervenção em causa, por se tratar de património cultural – o mosteiro beneditino é imóvel de interesse público desde 1943 – exige um ano e meio para “a elaboração do projecto” e dois anos e meio para a “intervenção de salvaguarda do património cultural”. “Além do restauro da imagem do mosteiro, é preciso salvaguardar abóbadas, coberturas e estruturas graníticas dos séculos XVII e XVIII”, adianta, ao PÚBLICO.

A obra, estimada em 5,5 milhões de euros, é o passo que resta para se concluir a regeneração do Mosteiro de Rendufe, iniciada em 2012. Depois das obras de 1975, o imóvel na posse de privados desde 1834 deteriorou-se. No Inverno de 2006, o então Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) adiantou que a ala norte do edifício estava em risco iminente de queda. Detentor da igreja do século XVIII ali erguida, o Estado adquiriu esse conjunto em 2012, por 900 mil euros, face à “má conservação” que exibia, e tornou-se proprietário de todo o mosteiro, lembra António Ponte. 

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Tecto da igreja do mosteiro de Rendufe DR

No ano seguinte, a Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) investiu 350 mil euros na reposição das estruturas das abóbadas e na instalação de uma cobertura integral no edifício recém-adquirido, acrescenta o responsável. A entidade está ainda a requalificar a cobertura e as paredes exteriores da igreja, graças a uma verba de 600 mil euros, financiada pelo Norte 2020. 

Com a requalificação do conjunto a sudoeste da igreja no horizonte, António Ponte avisa que o vencedor do concurso público vai explorar todo o edifício, à excepção do claustro, destinado à “fruição pública”. Está ainda prevista a construção de uma nova infra-estrutura destinada à exploração turística na zona consumida por um incêndio em 1877. O contrato de concessão estende-se por 50 anos. Já o prazo para a apresentação de propostas a concurso é de 126 dias, a contar desde a passada sexta-feira, segundo o anúncio publicado em Diário da República.

Ânsia por hotel de cinco estrelas

O turismo é a via escolhida para a revitalização do Mosteiro de Rendufe, mas a tipologia do empreendimento que aí vai nascer ainda não é certa. O sonho do presidente da câmara de Amares é claro, porém: a construção de um hotel cinco estrelas, com 50 quartos e piscina exterior. “Esse é o nosso objectivo. Não fechamos a porta a outro projecto, mas ele tem de ser sempre na casa do turismo”, afirma Manuel Moreira. Um hotel dessa dimensão só pode avançar graças à construção de uma nova infra-estrutura na zona que ardeu, já que a ala existente só alberga “meia dúzia de quartos”, acrescenta. 

O autarca da coligação PSD/CDS-PP crê ainda que o concurso vai receber “muitas propostas”. Um dos motivos para essa convicção é a “beleza” daquele lugar entre os rios Cávado e Homem, que acolheu a primeira versão do mosteiro beneditino ainda na Idade Média. Outra razão é a proximidade a Braga – Rendufe dista 11 quilómetros da maior cidade minhota. “Braga é uma cidade em expansão, e o nosso concelho está também em expansão. Acredito imenso que este programa e esta candidatura vão ter sucesso”, antecipa.

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