No seu aniversário, Viola Davis recordou a casa onde nasceu e os seus antepassados foram escravizados

A actriz norte-americana completou 55 anos e deixou uma mensagem nas redes sociais com um significado profundo relativo ao seu percurso: nasceu numa casa situada num terreno que foi explorado por escravos.

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A actriz é a segunda mais nova de seis irmãos que viveram num espaço com uma divisão Danny Moloshok/Reuters

O nome de Viola Davis não é estranho aos fãs de filmes e séries, pelas suas prestações marcantes, também a sua veemente defesa de diversas causas desde os direitos humanos à igualdade entre mulheres, independentemente da sua etnia , a tem colocado sob a luz dos holofotes. Agora com 55 anos acabados de fazer, Davis recorreu à rede social Instagram para passar uma mensagem importante de superação e de aceitação das suas origens. A actriz nasceu numa pequena casa de madeira que pertencia a uma antiga plantação, outrora cultivada por escravos. 

A descrição que a actriz utilizou na publicação da fotografia, “Hoje, com 55 anos, é inteiramente minha”, causou confusão nos meios de comunicação social que inicialmente avançaram com a notícia de que Davis tinha comprado a casa, o PÚBLICO incluído. Na verdade, o que a actriz quis dizer com esta frase ia além de bens materiais. É uma referência à aceitação da sua história, das suas origens e das dificuldades pelas quais passou. “Quando era mais nova, não dei uso à minha voz porque não me achava digna de ter uma voz”, disse Davis em entrevista à Vanity Fair, em Julho.

A actriz é a segunda mais nova de seis irmãos e, apesar de não ter crescido ali, foi onde nasceu. Numa entrevista, em 2016, à revista People, Davis recordou a história que a mãe lhe contara: no dia em que nasceu, toda a família estava presente e a sua mãe pôde comer uma sandes com sardinha, tomate, cebola e mostarda. “Adoro esta história. Acho que é uma história fantástica de celebração no meio de um ambiente dizimado, mas consegue-se perceber a alegria e a vida que podem vir disso, porque nem sempre o que importa são as coisas materiais”, disse a actriz nessa entrevista.

Davis descreve a casa, habitada pela avó, como “uma barraca de uma só divisão”. Localizada em Saint Matthews, na Carolina do Sul, a pequena habitação estava inserida num terreno de cerca de 64 hectares que tinha sido explorado por escravos. O seu avô, relembra Davis, era meeiro, ou seja, tinha de cultivar aquelas terras e dividir a produção com o proprietário, os seus tios e primos agricultores. “Era a escolha que tinham.”

Viola Davis está no mundo da representação desde os tempos de escola, tendo estudado na Juilliard School, uma prestigiada escola de artes performativas em Nova Iorque. Passou para palcos maiores e para os ecrãs da televisão e do cinema no final dos anos de 1990, mas o empurrão na carreira só chegaria em 2008, quando foi nomeada para o Óscar de Melhor Actriz Secundária pela sua prestação no filme Doubt. A partir de 2010 foi sempre a somar as nomeações para aclamados prémios como os Tony ou os Emmy. Na televisão, o papel que lhe deu mais destaque foi o da advogada Annalise Keating, na série Como Defender um Assassino.

Com o marido, Julius Tennon, a seu lado, Davis é co-fundadora de uma empresa de produção, a JuVee Productions que já conta com vários contratos com grandes canais televisivos e de streaming como a HBO, a Amazon ou a ABC.

Texto editado por Bárbara Wong


Notícia corrigida às 13h15: Viola Davis não comprou a casa, como inicialmente o PÚBLICO escreveu. Pedimos desculpa aos leitores.

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