Macron pede ao Irão apoio para a reconstrução do Líbano

Comunidade internacional tem reafirmado que apoio financeiro está dependente de reformas políticas e económicas feitas pelo novo Governo.

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Um habitante limpa os destroços numa área destruída de Beirute Reuters/HANNAH MCKAY

O Presidente francês, Emmanuel Macron, pediu ao Irão que apoie a reconstrução económica do Líbano, depois da violenta explosão que destruiu parte de Beirute na semana passada. A Rússia e a Arábia Saudita prometeram juntar-se aos esforços de ajuda humanitária.

Na última semana, a conferência internacional de doadores conseguiu reunir promessas de cerca de 253 milhões de euros para apoio de emergência para o Líbano. No entanto, esta assistência humanitária está a ser condicionada pela comunidade internacional que exige mudanças no sistema político, considerado altamente corrupto e disfuncional, e reformas de modernização económica.

França tem sido um dos pivôs dos esforços de apoio e reforma do Líbano na sequência do desastre da semana passada, que matou cerca de 200 pessoas, deixou mais de seis mil feridos e destruiu a capital do país. A explosão veio aprofundar a precária situação económica do Líbano, aos quais se seguiram dias de protestos que obrigaram o Governo a demitir-se.

Esta quarta-feira, Macron desdobrou-se em telefonemas para outras capitais com o objectivo de dar mais força à conferência de doadores. Falou com os homólogos do Irão, Hassan Rohani, e da Rússia, Vladimir Putin. Para além de lhes pedir apoio financeiro, Macron sublinhou a necessidade de os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – França, Reino Unido, Rússia, EUA e China – respaldarem a formação de um novo Executivo.

A Rohani, Macron “lembrou a necessidade, para todas as potências envolvidas, de evitar uma subida da tensão, bem como qualquer interferência externa e apoiar a formação de um Governo com a missão de gerir a urgência, de pôr em marcha as reformas políticas e económicas necessárias, e responder às aspirações do povo libanês”, de acordo com a transcrição do Palácio do Eliseu. Teerão olha com grande interesse para todos os processos políticos no Líbano, onde o Hezbollah possui grande influência, mas que é olhado com desconfiança por parte de vários países ocidentais, entre os quais os EUA, que os designam como grupo terrorista.

A Rússia e a Arábia Saudita anunciaram que vão apoiar o Líbano, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, que deu conta de um telefonema entre os chefes da diplomacia dos dois países.

Os apelos para mudanças, tanto a nível político como económico, no Líbano não cessam. O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, em visita a Beirute, disse ser “impossível que as coisas continuem como dantes”. “A comunidade internacional está pronta para investir, mas necessita de garantias para esses investimentos. É importante ter um Governo que combata a corrupção”, afirmou.

A ajuda humanitária prometida pelos parceiros internacionais é, no entanto, uma gota de água perante as necessidades financeiras do Líbano, que já antes da explosão estava a atravessar uma crise. Uma análise do Instituto de Finanças Internacionais calcula que o país precisa de 30 mil milhões de dólares durante os próximos quatro anos.

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