O bebé George, nascido durante as explosões em Beirute, é uma “luz na escuridão”
George nasceu durante as explosões que assolaram Beirute. No meio da destruição provocada no hospital e na cidade, o bebé é visto pelos pais como um símbolo de esperança.
Ao entrar na sala de partos onde a sua mulher, Emmanuelle, estava prestes a dar à luz, Edmond Khnaisser queria registar em vídeo os primeiros momentos do seu filho. Em vez disso, registou o instante em que a maior explosão da história do Líbano mandou os estilhaços de janelas inteiras cair sobre a cama de hospital em que estava a sua mulher.
“Vi a morte com os meus próprios olhos... Senti que tínhamos chegado ao fim. Estava a olhar à nossa volta e para o tecto, à espera que caísse sobre nós”, disse Emmanuelle, recordando as consequências imediatas da enorme explosão que feriu seis mil pessoas e matou mais de 170 pessoas em Beirute, a 4 de Agosto.
Enquanto limpavam o sangue e o vidro estilhaçado, a equipa médica levou instintivamente Emmanuelle para o corredor, temendo que se pudesse seguir outra explosão.
Prestes a desmaiar e muito abalada, Emmanuelle disse que sabia que tinha de se concentrar em dar à luz. “Ele tem de nascer e eu tenho de ser muito forte”, disse a si mesma.
Imediatamente a seguir à explosão, Stephanie Yacoub, directora de obstetrícia e ginecologia do Saint George Hospital University Medical Center, tinha saído da sala para acudir uma enfermeira ferida – era demasiado tarde, a colega morreu. Yacoub regressou imediatamente para junto de Emmanuelle para a ajudar a dar à luz, juntamente com o professor Elie Anastasiades e uma equipa de médicos.
“Não havia electricidade e o sol estava a começar a pôr-se, por isso sabíamos que tínhamos de fazer isto o mais depressa possível. Usando luzes de telemóveis, veio ao mundo”, disse à Reuters uma semana depois da explosão.
Dezassete pessoas morreram no Hospital St. George logo após a explosão e dezenas ficaram feridas, incluindo a mãe de Edmond Khnaisser, que partiu seis costelas partidas e perfurou um pulmão.
Correndo de um lado para o outro entre a mulher e a mãe, Khnaisser disse que tinha um objectivo em mente: levar o seu novo filho George para um lugar seguro.
Quando entraram nos carros de estranhos e saíram do perímetro da explosão, começaram a aperceber-se da extensão da destruição.
Acabaram por chegar a um hospital mesmo fora da capital, onde George foi finalmente lavado e limpo. “O George é muito especial. Ele é a luz na escuridão, um nascimento nos escombros”, disse Edmond enquanto mostra fotografias do seu filho na página de Instagram que criou para o rapaz. Chamam-lhe agora bebé-milagre George.