O bebé George, nascido durante as explosões em Beirute, é uma “luz na escuridão”

George nasceu durante as explosões que assolaram Beirute. No meio da destruição provocada no hospital e na cidade, o bebé é visto pelos pais como um símbolo de esperança.

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Emmanuelle Lteif Khnaisser, que estava em trabalho de parto no momento da explosão do porto de Beirute, segura o seu filho George na casa da família em Jal el-Dib, no Líbano Reuters/HANNAH MCKAY

Ao entrar na sala de partos onde a sua mulher, Emmanuelle, estava prestes a dar à luz, Edmond Khnaisser queria registar em vídeo os primeiros momentos do seu filho. Em vez disso, registou o instante em que a maior explosão da história do Líbano mandou os estilhaços de janelas inteiras cair sobre a cama de hospital em que estava a sua mulher.

“Vi a morte com os meus próprios olhos... Senti que tínhamos chegado ao fim. Estava a olhar à nossa volta e para o tecto, à espera que caísse sobre nós”, disse Emmanuelle, recordando as consequências imediatas da enorme explosão que feriu seis mil pessoas e matou mais de 170 pessoas em Beirute, a 4 de Agosto.

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This is baby George and his doctor Marie Eid. George was born at St. George University Hospital at 7:10pm on August 04, 2020. His mother went into labour just moments before the blast. This is that moment. A warning, the following video captures the impact of the blast and it is distressing. St George University Hospital is located just a couple of kilometres away from the epicentre of the blast. George and his family survived and are now resting and recovering. They have praised doctors and nurses like Marie, who stayed calm and helped deliver their baby when all of the equipment had been obliterated. #longlivelebanon #thebeirutpost #beirutexplosion #lebanon #beirut #prayforlebanon #sadness #timeforchange #explosion #catastrophic #miracle @thebeirutpost

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Enquanto limpavam o sangue e o vidro estilhaçado, a equipa médica levou instintivamente Emmanuelle para o corredor, temendo que se pudesse seguir outra explosão.

Prestes a desmaiar e muito abalada, Emmanuelle disse que sabia que tinha de se concentrar em dar à luz. “Ele tem de nascer e eu tenho de ser muito forte”, disse a si mesma.

Imediatamente a seguir à explosão, Stephanie Yacoub, directora de obstetrícia e ginecologia do Saint George Hospital University Medical Center, tinha saído da sala para acudir uma enfermeira ferida – era demasiado tarde, a colega morreu. Yacoub regressou imediatamente para junto de Emmanuelle para a ajudar a dar à luz, juntamente com o professor Elie Anastasiades e uma equipa de médicos.

“Não havia electricidade e o sol estava a começar a pôr-se, por isso sabíamos que tínhamos de fazer isto o mais depressa possível. Usando luzes de telemóveis, veio ao mundo”, disse à Reuters uma semana depois da explosão.

Dezassete pessoas morreram no Hospital St. George logo após a explosão e dezenas ficaram feridas, incluindo a mãe de Edmond Khnaisser, que partiu seis costelas partidas e perfurou um pulmão.

Correndo de um lado para o outro entre a mulher e a mãe, Khnaisser disse que tinha um objectivo em mente: levar o seu novo filho George para um lugar seguro.

Quando entraram nos carros de estranhos e saíram do perímetro da explosão, começaram a aperceber-se da extensão da destruição.

Acabaram por chegar a um hospital mesmo fora da capital, onde George foi finalmente lavado e limpo. “O George é muito especial. Ele é a luz na escuridão, um nascimento nos escombros”, disse Edmond enquanto mostra fotografias do seu filho na página de Instagram que criou para o rapaz. Chamam-lhe agora bebé-milagre George.

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