Limitação de horário atira queda das vendas nos centros comerciais de Lisboa para 40%

Associação dos centros comerciais apela ao fim da limitação de horário na AML, o que poderá acontecer já esta semana. Associação de lojistas fala em queda de 37,8% nas vendas a nível nacional e quase 50% na restauração.

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Centros comerciais com menos visitantes na região de Lisboa Daniel Rocha

A Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) e a Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR) estão quase em sintonia em relação à queda das vendas nos estabelecimentos inseridos nos centros comerciais localizados na Área Metropolitana de Lisboa. A APCC avança que, em Julho, se verificou uma queda homóloga de 40% e a AMRR calcula essa perda nos 42,8%.

A nível nacional, os números das duas associações estão mais distantes, mas a informação que está na sua base também. A associação dos centros comerciais aponta para uma diminuição de 25% (face a Julho de 2019), enquanto o barómetro que agrega mais de 2500 lojistas (de centros comerciais e de rua) atira esse valor para os 36,8%.

A maior queda das vendas na Área Metropolitana de Lisboa (AML) é explicada pela limitação de horário, até às 20h, quando no restante país estes espaços podem estar abertos até às 23 horas.

A redução do horário dos estabelecimentos comerciais na AML esteve relacionada com o aumento de casos de infecção pelo coronavírus. A diminuição de casos nas últimas semanas deverá levar o Governo, possivelmente ainda esta semana, a levantar essa limitação.

Em comunicado divulgado esta terça-feira, a APCC considera a limitação “injustificada e lesiva para a recuperação económica da actividade dos lojistas dos centros comerciais”. De acordo com as palavras de António Sampaio de Mattos, presidente da estrutura associativa, “continuar a limitar desnecessariamente os centros comerciais, especialmente da AML, coloca em risco a preservação de muitos postos de trabalho, sobretudo num contexto em que as limitações impostas para o restante território nacional já são mais restritivas do que as limitações aplicadas nas principais economias na Europa”. Esta estrutura associativa dá ainda o exemplo de várias regiões da Alemanha onde “uma loja com a mesma área pode ter o dobro dos clientes”.

A APCC apela ao Governo para permitir a reabertura total ainda esta semana, reforçando que “a AML tem um peso muito significativo para a protecção do emprego, uma vez que é aqui que se concentram 35% dos centros do país, e que estes asseguram 50% do emprego total gerado pelo sector a nível nacional”.

Ainda no que se refere à evolução da actividade dos centros comerciais, a APCC adianta que a quebra de visitantes na AML ascende a 47%, acima dos 30% registados no resto do país.

O observatório da Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR) revela dados ligeiramente positivos, mas outros preocupantes: a quebra de vendas de 36,8% é um pouco menor que os 40% de Junho, com apenas a AML a registar um aumento residual (-42,8% face ao período homólogo do ano passado. Acima dos 41,5% de Junho).  

Considerando apenas as vendas das lojas de centros comerciais, a quebra do mês de Julho foi de 36,5%, enquanto nas lojas de rua se situou nos 37,4%.

Por segmentos, a queda mais vincada verifica-se na restauração (49,1%), seguida dos serviços (38,5%) e do retalho (34,3%).

O barómetro da AMRR é elaborado a partir dos dados de 2500 lojas associados, de Norte a Sul do país.

“O cenário continua bastante negro. Esperávamos nesta fase melhores resultados”, avança Miguel Pina Martins, Presidente da AMRR, em comunicado divulgado esta segunda-feira. “Caminhamos para um ano desastroso para o sector”, apesar do investimentos “nas acções de promoção de vendas para contrariar este cenário”, acrescenta.

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