E se uma floresta cobrisse o estádio Camp Nou?

Inspirados por propostas lançadas para o Estádio Olímpico de Tóquio, arquitectos do estúdio ON-A propõem a “renaturalização” de Camp Nou, numa era em que as cidades exigem mudanças motivadas pela covid-19. Mas é só uma ideia.

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Mais espaço para distanciamento. Uma maior valorização da biodiversidade e da natureza envolvente. Estratégias para a dinamização do comércio local. Espaços verdes e de convívio público. Estas são algumas das propostas que têm vindo a ganhar fôlego no cenário inédito de pandemia em que vivemos. E agora, em Barcelona, um estúdio de arquitectura está a repensar a organização da cidade com o projecto Nou Parc que propõe um “cobertor de floresta” sobre um estádio de futebol. 

A ideia (e é só uma ideia) é converter o estádio Camp Nou num parque de 26 hectares, numa lógica de “renaturalização das cidades”, que aliás é uma das bandeiras defendidas pelo estúdio de arquitectura ON-A. Mais do que uma “ideia interessante”, tornou-se uma “necessidade” em tempos de covid-19, afirma Jordi Fernández, que fundou o gabinete com Eduardo Gutiérrez.

Para este projecto, os dois arquitectos inspiraram-se nalgumas das propostas para o Estádio Olímpico de Tóquio, onde se teriam realizado os Jogos Olímpicos de 2020, que idealizavam um “estádio como uma montanha”, criando um “manto de verde” para a passagem das pessoas. “Acreditamos que uma solução como esta para Barcelona seria não só bem-sucedida como necessária”, explica a dupla em declarações por escrito ao P3. “A cidade beneficiaria de um novo grande parque urbano enquanto o FC Barcelona teria um novo estádio que representaria o símbolo de uma nova era: a era pós-covid, em que a saúde e o bem-estar dos cidadãos são priorizados.”

Especialista em “renaturalização” e bioconstrução”, o atelier ON-A tem já 15 anos de experiência em adaptação de espaços verdes a contextos urbanos. Esta nova proposta possibilitaria criar um novo jardim numa cidade que tem apenas seis metros quadrados de espaço verde por habitante, quando, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, as cidades deveriam ter um mínimo de nove metros quadrados por habitante.

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Nou Parc é um projecto que encoraja a renaturalização de um espaço, sem implicar a destruição do edifício original. Ao elevar a topografia do estádio e criar um “cobertor” de floresta, os arquitectos estariam a assegurar que as infra-estruturas originais seriam mantidas por debaixo da superfície do novo parque. Para além disso, o estádio está neste momento a criar um “efeito de ilha”, ao separar o bairro de Les Corts da área universitária. Uma reabilitação permitiria não só mais espaços verdes e de lazer, como a ligação entre a vizinhança do bairro e esta área. 

Na óptica da ON-A, há mais áreas da cidade que poderiam acolher ideias do género. “Com este projecto queremos demonstrar que outro tipo de arquitectura é possível e que os cidadãos e autarcas têm de estar atentos a estas oportunidades”, resumem Fernández e Gutiérrez.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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