Cartas ao director

Sim, é possível uma Indústria

O recente artigo de opinião no jornal PÚBLICO sobre o Plano Costa Silva vem pôr o dedo na ferida de que ninguém ainda falou: tornar Portugal um (grande) Centro Europeu de Engenharia Industrial. E, na linha dos velhos do Restelo (involuntariamente, acredito), o autor desdenha dessa ideia, que classifica de irrealista, pois não “somos” a Alemanha, a Suécia, etc. Ora, para vencer os défices de produtividade e competitividade, só o “ aggiornamento” das infra-estruturas, ou os minérios do Atlântico, não chegariam nunca. Como, aliás, o reconhece o autor Costa Silva. (…) Imagino como se sentem mais uma vez abandonados pela opinião informada dos especialistas os heróis anónimos dos nossos Centros Tecnológicos, todos os capitães da indústria desta terra que sonham com um País com uma indústria vibrante. O que era a Suécia nos anos 50? A Áustria? Para não falar da Alemanha… Pois juntaram a indústria aos centros tecnológicos e tornaram-se, sim, “centros europeus de engenharia”. Fizemos em menos de uma geração uma revolução (silenciosa) na Ciência. Também o podemos fazer na Tecnologia Industrial. Os senhores especialistas querem fazer o favor de vir debater isto na praça pública? Uma dica: os industriais alemães querem imenso cooperar com Portugal, para juntos irem ao Brasil. E muito mais há para fazer. Essa falta de vontade de debater – e fazer acontecer – é uma falha grave de vontade deste Povo. Não uma falha de carácter, porque este povo “lá fora” faz melhor como os melhores.

José Elias de Freitas, Lisboa

Espelho meu

O raciocínio simplificado tem o condão de nos fazer acreditar que não somos muito burros. Se for muito simplificado, a um nível protozoário, pode até levar um ignorante a imaginar-se genial. Se pensarmos que somos muito inteligentes e formos desprovidos de modéstia que nos prenda à terra, disparamos em direcção às alturas. Nosso Senhor que se cuide ou ainda vai cair da cadeira e alguém melhor do que Ele se sentará no trono celestial. Pôr num prato da balança Rio e Ventura e no outro Sá Carneiro e Amaro da Costa, imaginando que ficam equilibrados, é habilidade digna de merceeiro habituado a martelar pesos e a esticar medidas. Anda por aí muita gente a deixar-se iludir pelo reflexo no espelho.

Rui Silvares, Cova da Piedade

Rui Pinto libertado

A libertação de Rui Pinto não é um acto de justiça. Só será feita justiça quando os corruptos a quem Rui Pinto descobriu a careca forem condenados pelos seus crimes contra o Estado e os contribuintes. O famoso hacker foi um preso político enquanto esteve nas instalações da Polícia Judiciária. Empresários e a classe política corrupta têm pesadelos com o conteúdo dos discos rígidos deste corajoso jovem. Espero que as suas valiosas informações sejam aproveitadas para colocar na “choldra” quem nos vigariza. O célebre denunciante deveria trabalhar para o Estado português. Rui Pinto merece uma estátua no Terreiro do Paço.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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