Não há festa na aldeia

Em Angueira, em cujo largo central se amontavam todos os anos centenas de pessoas para a tradicional festa de Agosto com direito a cabeça de cartaz, reina o silêncio e a modorra. Sem o ir e voltar dos emigrantes, o coronavírus acelerou a morte anunciada da aldeia.

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“Estamos tristes porque não se vê ninguém na aldeia, o que é que quer?” A zanga mansa solta-se na voz de António Esteves já quase no fim da conversa, neste Largo de Santo Cristo, num dos pontos altos de Angueira, uma das muitas aldeias de Vimioso, em Trás-os-Montes, que todos os anos costumavam encher-se de emigrantes em compasso de acordeão regado a cerveja. Se acompanharmos o olhar muito azul deste homem pela ladeira abaixo, ignorando o abandono das casas e os estendais vazios, dá-se com o largo principal onde, noutros verões, já haveria a esta hora tremoços e vinho a copo a sair num jorro destinado a amaciar velhas amizades que a emigração para destinos como Paris, Bordéus, Andorra ou Pamplona tinha interrompido.

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