Jorge Jesus: “Vamos contratar seis ou sete jogadores”

O novo treinador do Benfica deu a sua primeira entrevista à BTV.

Jorge Jesus no momento da sua apresentação como novo treinador do Benfica, no início desta semana, com Rui Costa e Filipe Vieira, admninistrador e presidente da SAD "encarnada"
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Jorge Jesus no momento da sua apresentação como novo treinador do Benfica, no início desta semana, com Rui Costa e Filipe Vieira, admninistrador e presidente da SAD "encarnada" LUSA/ANTONIO COTRIM
Jorge Jesus no momento da sua apresentação como novo treinador do Benfica, no início desta semana
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Jorge Jesus no momento da sua apresentação como novo treinador do Benfica, no início desta semana LUSA/ANTONIO COTRIM
Jorge Jesus no momento da sua apresentação como novo treinador do Benfica, no início desta semana
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Jorge Jesus no momento da sua apresentação como novo treinador do Benfica, no início desta semana LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Na primeira entrevista de Jorge Jesus enquanto novo treinador do Benfica, o técnico abordou os temas mais relevantes no clube “encarnado”, que iniciou a pré-temporada neste sábado com a realização de exames médicos. Na segunda-feira começam os treinos. Dos reforços ao seu futuro como treinador, Jesus tocou em quase tudo.

Um dos primeiros assuntos a ser comentado por Jesus na entrevista à BTV foi o dos reforços. A cerca de quatro semanas de iniciar oficialmente a próxima temporada, Jesus explicou quais são as suas ideias.

“Gosto, ao longo das primeiras duas semanas, de conhecer os jogadores. Há muitos que ainda não chegaram e há muitos que vão começar a pré-época e não vão acabar. É assim que eu trabalho. Mas conto ter cerca de 25 jogadores não contando com os três guarda-redes.”

A frase levou a abordar as contratações já feitas e as especuladas, e Jorge Jesus explicou que pretende ter "mais de dois jogadores por posição”. Isto porque vai “enfrentar várias competições”. Para além disso, o novo treinador “encarnado” defende jogadores polivalentes: “Há lugares específicos que não podes ter polivalência, mas há outras posições em que vais ter que ter. Essa vai ser a evolução do futebol no mundo. O jogador tem que conhecer mais do que uma posição. É a minha forma de trabalhar.”

Depois de ter prometido que não iria realizar uma revolução no plantel benfiquista, Jesus admitiu que haverá várias caras novas a chegar à Luz nos próximos tempos. “Sem contar com Pedrinho e Helton Leite, que já estavam contratados, a nossa ideia é podermos contratar mais um jogador por posição. Serão mais 6 ou 7 jogadores, contando já com os dois já contratados”, disse.

E os dois contratados, na cabeça de Jesus são Gilberto e “Cebolinha”. Na opinião do técnico, “Gilberto dura 90’, é muito forte. O melhor dele é ofensivamente. É um jogador que faz golos, embora tenha alguns defeitos técnicos. Ele e o André vão disputar a titularidade”.

Já em relação a “Cebolinha”, Jorge Jesus não poupou elogios: “É titular da selecção do Brasil, que não deixa dúvidas. Foi titular na Copa América e tinha o Everton e outra equipa alemã atrás dele e tentei convencê-lo.” Confirmou que telefonou ao jogador, mas negou a afirmação de Renato Gaúcho, treinador do Grémio, que afirmou que o técnico português tinha pedido para o jogador não jogar contra o Internacional. “Nunca falei para não jogar. Ele quando chegar a Portugal pode dizer isso”, garantiu.

O interesse em Cavani

Abordado foi ainda o interesse do Benfica em Cavani. E o novo treinador dos “encarnados” reconheceu que há negociações para a sua contratação: “O presidente está a fazer tudo para isso possa acontecer.” No entanto, negou que tenha pedido o jogador a Luís Filipe Vieira, dizendo antes que já era um nome que se falava na Luz à sua chegada. “O Cavani não precisa que o Jesus ligue para ele. Deve ter várias possibilidades de mercado e deve estar a pensar qual a melhor opção. Não pedi o Cavani. Mas se perguntam se quero, claro que quero.”

Jesus comentou também Helton Leite e Pedrinho, deixando claro que não conhece o guarda-redes contratado ao Boavista - "Não conheço muito bem o Helton, mas queremos ter mais do que um bom guarda-redes"- e que, em relação ao ex-Fluminense, se trata de um jogador que precisa de ser trabalhado - “O Pedrinho é um jovem com talento. É um jogador para se trabalhar e vamos ajudá-lo a ser melhor”.

Certo é que os “encarnados” estão à procura de reforços para a defesa: “Procuramos mais dois jogadores. O Benfica precisa de ter jogadores com algum peso e poder, não só desportivo, mas também técnico para ajudar os mais jovens como o Tavares, o Rúben e o Ferro. No Flamengo tinha cinco titulares com mais de 30 anos. E isso é fundamental nas decisões.”

Já Pizzi, que foi um dos jogadores mais influentes das “águias” na temporada que agora terminou, deverá passar a jogar em zonas mais interiores do relvado. Pelo menos foi esta a ideia deixada por Jesus: “Pode fazer duas posições. Na minha opinião ele é um jogador de último passe, de pôr a bola na cara do golo e este tipo de jogadores não jogam na zona lateral mas mais central.”

A formação na versão de Jesus

Do que Jorge Jesus parece ter abdicado é de ir contratar algum jogador à sua anterior equipa. O Flamengo mereceu, aliás, rasgados elogios do novo treinador do Benfica, que colocou o emblema carioca entre os melhores do mundo. “Se me perguntares onde colocas a equipa do Flamengo na América Latina e no Brasil, é a melhor de todas. E no mundo? Entre as três melhores do mundo, com Bayern Munique, Liverpool, Manchester City. O Flamengo tem grandes jogadores. Mas sou grato às pessoas que me amam e me amaram e o Flamengo e aqueles jogadores estão no meu coração. Não quero mexer mais. Não pedi nenhum jogador do Flamengo ao presidente do Benfica.”

Depois, Jesus foi questionado, mais uma vez, sobre a aposta na formação dos benfiquistas e foi muito claro ao dizer que não há nenhuma equipa vencedora que se baseie apenas na formação. “Às vezes equivocamo-nos com a palavra formação. Não existe em nenhuma parte do mundo uma equipa competitiva apenas com formação. Quantos jogadores da formação estão na equipa principal do Benfica? Um, o Rúben. O que os adeptos do Benfica querem é ganhar. Com meninos ou não, não interessa a cor, a nacionalidade. O que interessa é ter bons jogadores. E é isso que me atrai. A ideia de formar jogadores para que os objectivos dos clubes possam acontecer nunca vai suceder”, disse, acrescentando: “João Félix não há muitos, Ronaldos não há muitos. Não quer dizer que não tenhas de apostar na formação, mas precisas de ter um gabinete de prospecção que descobre jogadores que vamos buscar. E é entre estes dois que dás rentabilidade e poder à equipa.”

Depois veio a ambição de ganhar uma Champions. E Jesus explicou que já acredita mais. “Já achei que ganhar uma Champions em Portugal seria mais difícil porque os melhores jogadores saem. Mas face à pandemia o ciclo pode mudar. Porque se olhares para estas oito equipas que vão estar no play-off já não há aqui tantos tubarões. O Bayern, o Barcelona já não estão tão fortes”, analisou.

Para o fim ficou o desejo de convencer os benfiquistas de que ele é o homem certo para devolver o clube às conquistas: “Espero conquistar [os benfiquistas cépticos com o seu regresso] com resultados. Os adeptos olham para mim como treinador. E o que fizemos no Benfica está marcado. Amanhã vou sair do Benfica para outro clube. Isso vai ser a minha vida como treinador. Não sou um treinador de nenhum clube. Sou treinador de futebol.”

Já quanto às pazes feitas com Luís Filipe Vieira, Jorge Jesus foi pragmático: “O futebol são ciclos. E as pessoas na altura acharam que o meu ciclo tinha acabado, o que é normal. Como agora. O presidente do Benfica achou que o ciclo em que estava o Benfica acabou.” E para que não restassem dúvidas, Jesus enterrou de vez o “machado de guerra": “Nunca tive num estádio com 70 mil pessoas a gritar pelo meu nome. Nunca tive nem nunca vou ter. Só havia uma pessoa para me fazer sair do Flamengo: Luís Filipe Vieira. Nenhum presidente trabalhou seis anos comigo. Só o presidente do Benfica entrou dentro da minha casa.” Mas, também com todo o pragmatismo sentenciou: “Dificilmente vou acabar a minha carreira no Benfica.”

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