Menor número de internados desde Março em Portugal, mas casos activos voltam a subir

Estão internadas 356 pessoas, o número mais baixo desde 27 de Março, quando estavam internadas 354. Casos activos voltam a subir após 11 dias consecutivos a descer.

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Dos novos casos, 72% foram identificados na região de Lisboa e Vale do Tejo Daniel Rocha

O país regista esta sexta-feira mais três mortes por covid-19 e 290 casos de infecção, o que corresponde a um aumento de 0,6%. É o valor mais alto registado desde o início do mês: no dia 1 de Agosto, foram detectadas 238 infecções. Portugal conta, no total, 1746 óbitos e 52.351 infecções desde o início da pandemia.

Dos novos casos, 208 (72%) foram identificados na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde ocorreram as três mortes registadas nas últimas 24 horas.

Questionado na conferência de imprensa desta sexta-feira sobre a situação de Lisboa e Vale do Tejo, onde estão as freguesias que mais casos têm registado no último mês, o subdirector-geral da Saúde afirmou que “o desafio não está completamente concretizado” e que há ainda “muito trabalho para continuar a fazer”, mas que os números desta semana em relação à mediana das semanas anteriores mostra “melhor condições”.

“Há cinco semanas que estamos a reduzir as medianas de novos casos em Lisboa e Vale do Tejo.” “Não quer dizer que não olhemos para os números sempre grande preocupação, concelho a concelho, freguesia a freguesia, caso a caso”, disse Rui Portugal. Quanto ao aumento de novos casos registado no país nos últimos dias, afirmou que comparando com a semana anterior, o rimo relativamente novos casos diários é menor.

Há mais 247 recuperados relativamente ao dia anterior, num total de 38.087. Neste momento existem 12.518 casos activos, número que resulta da subtracção dos recuperados e dos óbitos ao total de infecções. Este valor subiu após 11 dias consecutivos a descer: há mais 40 casos activos do que na quinta-feira.

Estão internadas 356 pessoas (menos 13 do que na quinta-feira), das quais 36 em unidades de cuidados intensivos (menos seis do que no dia anterior). É o menor número de internados desde 27 de Março (354) e de doentes em cuidados intensivos desde 21 de Março (35). Os dados foram divulgados esta sexta-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), actualizado diariamente.

A taxa de letalidade em Portugal é de 3,3%. Cerca de 86,4% das pessoas que morreram com covid-19 tinham mais de 70 anos.

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, fez um balanço na conferência dos testes realizados até ao momento. Desde o início de Março até agora, afirmou, Portugal “já realizou mais de um milhão e 700 mil testes à covid-19”. Lacerda Sales afirmou que em Agosto realizaram-se, em média, de mais de 13 mil testes por dia. “Portugal é o sexto país da União Europeia com mais testes por milhão de habitantes”, destacou.

A região com maior número de casos de infecção é Lisboa e Vale do Tejo, que contabiliza 26.928. Surgem depois o Norte (18.952, mais 61 do que na quinta-feira), o Centro (4508, mais 14), o Algarve (911, mais seis) e o Alentejo (761, menos um).

O relatório da DGS aponta que a região do Alentejo apresenta esta sexta-feira menos um caso do que no dia anterior “por força da necessidade de correcção da série histórica e da real atribuição” dos casos de infecção a “outras regiões de saúde”. Os Açores registam 170 infecções (o mesmo número do dia anterior) e a Madeira 121 (mais duas).

O Norte tem o maior número de mortes por covid-19: 831. Seguem-se Lisboa e Vale do Tejo (611), Centro (252), Alentejo (22), Algarve (15) e Açores (15). A Madeira não tem registo de vítimas mortais.

Mais de 170 surtos no país

Portugal continental regista actualmente 178 surtos de covid-19 activos. De acordo com o balanço feito pelo subdirector-geral da Saúde, destes surtos “45 registam-se no Norte, 111 na região Centro, 92 em Lisboa e Vale do Tejo, 15 no Algarve e 15 no Alentejo”.

“Os surtos têm neste momento uma base sobretudo de cariz familiar. São os encontros das famílias”, disse Rui Portugal. “Apelo às famílias que perceberam que se estiverem em núcleos diferentes pode ocorrer o risco de contágios de um para outro núcleo da família. Atenção mais novos e aos seus comportamentos e para proteger diferentes gerações.” O especialista em saúde pública lembrou ainda que nesta fase é preciso ter muita atenção em relação ao risco que ocorre de ajuntamentos de carácter social, mensagem que deixou para todas as gerações. Já os contágios associados ao ambiente laboral estão agora num segundo plano, “mas sempre com vigilância”.

Em relação aos surtos, a situação “mais relevante” é a que se vive no lar em Torres Vedras, afirmou Rui Portugal. Dos 80 residentes temos 48 positivos e dos 78 funcionários, 24 estão positivos e estão quarentena. Dos utentes infectados, “temos 17 pessoas internadas positivas e uma negativa, mas com outras comorbilidades”. Quatro utentes estão internados no Hospital de Abrantes, 12 no Hospital de Torres Vedras e um no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Estão programados novos testes no lar para os dias 12 e 19 deste mês e os residentes que permanecem na unidade estão organizados em três sectores para evitar riscos de contágio.

Cerca de 500 utentes de lares infectados

Apesar dos surtos que ainda afectam os lares, a coordenadora da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) lembrou que a situação actual é “muito diferente” da vivida em Abril, no pico da pandemia. “Temos 76 estruturas residenciais para idosos com doentes positivos, quando em Abril tínhamos 365 lares. Temos cerca de 500 doentes infectados em lares e em Abril eram cerca de 2500 infectados”, disse Purificação Gandra, referindo os lares têm “as suas dificuldades quer de pessoal e quer de estrutura física”, mas que tem sido possível minimizar essas questões.

Quanto à RNCCI, “na segunda quinzena de Abril tínhamos 110 doentes infectados, dos quais 26 internados e registamos 15 mortes em duas regiões: Norte e Lisboa e Vale do Tejo”. “Desde Abril não se verifica nenhuma morte por covid e temos um doente infectado em toda a rede”, disse, acrescentando que se realizaram 14.400 testes, dos quais 167 deram positivo. “Existem 12 profissionais infectados, mas “não constituem risco, pois estão em casa em isolamento”, referiu.

Já sobre os centros de dia, que vão reabrir a 15 de Agosto - informação avançada inicialmente pela rádio Antena 1 -, o subdirector-geral da Saúde explicou que serão emitidas normas com todas as regras em termos de controlo de infecção. Questionado sobre o que mudou em termos de contexto para que a reabertura seja possível agora, Rui Portugal afirmou que “tem a ver com várias questões”. “Uma delas é a situação epidemiológica do país, que é muito diferente da de há dois meses”, como a taxa de incidência da doença no país.

“A vida terá de ser feita avaliando caso a caso as medidas que temos de ter. Tão importante é o isolamento e a garantia da não transmissão da doença nos centros de dia, como restaurar os momentos de afecto dessas pessoas. Há sempre um equilíbrio e alguns riscos que temos de assumir. Não esperemos que neste momento, com a situação que temos, que tenhamos risco zero. Isso não existe”, admitiu Rui Portugal, lembrando que também não existe risco zero noutras actividades do dia-a-dia.

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