Julho foi o mais quente em Portugal nos últimos 89 anos

Valor médio da temperatura máxima do ar foi de 33,34°C, o mais elevado desde que há registos. E houve um aumento da área em seca meteorológica.

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PAULO PIMENTA

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) avançou, no Boletim Climatológico de Julho 2020, que este ano registou o mês de Julho mais quente desde que há registos, isto é, desde 1931. O valor médio da temperatura média do ar, 25,08°C, foi muito superior ao normal, mais 2,91°C.

Já o valor médio da temperatura máxima do ar foi de 33,34°C, mais 4,61°C do que o normal (considera-se o período de 1971 a 2000 como valor padrão). Apenas nos três primeiros dias do mês existiram registos de temperatura inferiores à média registada, segundo o Boletim Climatológico, que começa por assinalar que "este mês extremamente quente de Julho contribuiu para que o período de Janeiro a Julho de 2020 fosse o mais quente” desde 1931. 

O dia 17 de Julho destacou-se quer pelo registo da temperatura do ar máxima, 43,9°C em Santarém, quer pela temperatura mínima mais elevada, o valor médio de 20°C no território continental.

Estas temperaturas foram causadas pela “influência de um anticiclone localizado sobre a região do arquipélago dos Açores”, como se lê no boletim. Os anticiclones caracterizam-se pela descida do ar, tornando-o mais quente e instável, o que impede a formação de nuvens e consequente ausência de precipitação.

As temperaturas baixas e ausência de precipitação resultaram na redução de percentagem de água no solo em todo o território. Esta quebra foi mais evidente nas regiões do Vale do Tejo, Baixo Alentejo e Algarve, onde os valores são inferiores a 20%, de acordo com o IPMA. 

Um mês “extremamente quente e seco”

Embora os meses anteriores tenham registado temperaturas acima do normal, o mês de Julho contribuiu significativamente para que o período de Janeiro a Julho fosse o mais quente dos últimos 89 anos, com uma temperatura média de 15,96 °C, uma subida de 1,51 °C em relação ao valor padrão.

Os níveis de precipitação caíram 30% em relação aos valores considerados normais. O valor médio da quantidade de precipitação registado em Julho de 2020 foi de 4,0 mm, contrastando com o normal de 13,8 mm (1971-2000). A excepção foi Évora, com o valor de precipitação mensal mais elevado, 27,2 mm de precipitação.

Os baixos níveis de precipitação resultaram num “aumento da área em seca meteorológica em todo o território”, como escrito no boletim do IPMA.

O indicador utilizado para medir o nível de seca no país é o Índice de Seca, ou PDSI na sigla inglesa, que considera a quantidade de precipitação, a temperatura do ar e a capacidade de água disponível no solo para a análise.

De acordo com o índice, 71,4% do país encontra-se em situação de “seca fraca” (litoral de Viana do Castelo, interior Norte-Centro, Lisboa e Vale do Tejo, grande parte da região Sul), 19,9% em “seca moderada” (Setúbal, Beja e Algarve). Apenas 8,4% do país não se encontra associado a qualquer nível de situação de seca e 0,3% do território nacional está em situação de seca severa (o que acontece em Alvalade e Mértola).

Texto editado por Pedro Rios

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