Embalagens biodegradáveis com mão portuguesa distinguidas pela Comissão Europeia

Cinco parceiros portugueses criaram o Ypack, embalagens feitas a partir de desperdícios alimentares. O projecto foi distinguido pelo Radar de Inovação da Comissão Europeia. As embalagens já estão a ser produzidas em quantidades pré-industriais e serão testadas em breve.

Foto
DR

Um consórcio internacional que engloba cinco parceiros portugueses criou embalagens biodegradáveis e à base de desperdícios alimentares, como casca de amêndoa e soro de queijo, distinguidas pelo Radar de Inovação da Comissão Europeia, anunciou hoje a Universidade do Minho (UMinho).

Em comunicado, a UMinho refere que em causa está o projecto Ypack, que conta com 7,2 milhões de euros da União Europeia e reúne 21 parceiros de 10 países, incluindo Portugal. Os parceiros portugueses são a UMinho, através do Centro de Engenharia Biológica (CEB) e do Instituto de Polímeros e Compósitos, o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, a Biotrend, a Nova ID e a Sonae (detentora do PÚBLICO).

O projecto, anunciado em Maio de 2019, tem como objectivo encontrar alternativas ao plástico “através da criação de embalagens biodegradáveis e compostáveis, com maior capacidade de conservação de alimentos”. Em comunicado, a empresa referia que as embalagens deveriam desaparecer no solo ao fim de 50 dias e no oceano em menos de 100. Estavam, na altura, em fase de piloto.

O Radar da Inovação considerou as novas embalagens “notáveis” e “prontas para o mercado”. Citado no comunicado, António Vicente, investigador do CEB e vice-presidente da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, refere que as novas embalagens, já produzidas em quantidades pré-industriais, serão testadas em breve pelos parceiros do projecto ligados à grande distribuição, em produtos de carne e de lasanha pronta a comer, entre outros. O trabalho envolveu também um estudo de aceitação dos novos materiais de embalagem por parte dos consumidores, “com resultados muito animadores”. 

Esta inovação europeia, que é liderada pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (Espanha), tem como meta principal a validação pré-industrial de embalagens alimentares baseadas num polímero produzido biologicamente por microrganismos, que tem propriedades de barreira activa e passiva. “Ou seja, a sua produção não envolve químicos nem plásticos derivados do petróleo. Além disso, é exemplar a isolar o produto e a manter a sua qualidade”, sublinha o comunicado.

O Ypack materializa-se em dois tipos de embalagem: a bandeja termo formada, que envolve por exemplo lasanhas, pizzas ou fruta, e a “flow pack”, que reveste barras de chocolate e salgadinhos, entre outros. Estas embalagens usam subprodutos da indústria alimentar, como soro de leite e casca de amêndoa, permitindo reduzir os resíduos e afirmar as directrizes do Pacto Ecológico Europeu.

A Sonae (grupo a que pertence o PÚBLICO), com os hipermercados Continente, é das entidades que tenciona levar a tecnologia ao consumidor. O Radar da Inovação da Comissão Europeia identifica inovações de elevado potencial e dos principais inovadores em projectos científicos financiados pela União Europeia.

Sugerir correcção